Quinze escolas disputam uma vaga no Grupo Especial do RJ, nestas quarta e quinta

Os enredos das agremiações que se apresentam a partir das 21h, na Sapucaí, homenageiam personalidades negras, falam de fé e ancestralidade africana, entre outros temas históricos e políticos.

Sapucaí

Depois de mais de dois anos fechado, os Sambódromos do Rio de Janeiro e de São Paulo voltam a abrir seus portões para receber os desfiles das escolas de samba. Nesta noite, escolas tentam ascender ao grupo especial do Rio, homenageando mulheres negras, falando de religião e fé, de seus bairros e do olhar dos povos indígenas para o meio ambiente.

Serão quatro dias de apresentações, a começar às 21h desta quarta-feira (20) e de quinta-feira (21), com as 15 agremiações da Série Ouro. Na sexta-feira (22) e no sábado (23) desfilam as escolas do Grupo Especial. Os desfiles do Rio e São Paulo poderão ser vistos no g1 e no Globoplay, ao vivo. A Rede Globo transmitirá os desfiles paulistas apenas para SP e os do Rio para todo o Brasil (menos São Paulo).

Nesta quarta-feira, sete escolas disputam subir ao grupo especial. As escolas têm até 55 minutos para se apresentar, mas apenas uma das 15 ascende ao Grupo Especial, no carnaval de 2023. As agremiações que ficarem nas duas piores colocações serão rebaixadas para a Série Prata e não desfilam na Sapucaí, no ano que vem, mas na Intendente Magalh˜aes. Confira os temas e horários as escolas de hoje:

21h: Em Cima da Hora vai reeditar enredo de 1984 sobre trem que liga Japeri à Central do Brasil, mostrando os personagens que circulavam pelos trens.

21h45: Acadêmicos do Cubango vai homenagear a atriz de novelas, teatro e cinema Chica Xavier.

22h30: Santa Dulce dos Pobres é a homenageada da Unidos da Ponte

23h15: Unidos do Porto da Pedra vai homenagear a escritora e yalorixá Mãe Stella de Oxóssi, que lutou pelo respeito ao candomblé.

0h: União da Ilha fala sobre milagres e devoção à Nossa Senhora Aparecida. A escola vai contar a história do milagre da libertação do escravo Zacarias, que, num ato de fé, se vê livre das correntes quando estava a caminho do castigo. Ele, que era ferreiro, após o milagre promete confeccionar medalhas e terços e divulgar a fé em Aparecida em todos os cantos do país.

0h45: Unidos de Bangu leva para avenida enredo que mistura a história do bairro, do time de futebol Bangu Atlético Clube e do bicheiro Castor de Andrade, mecenas das escolas de samba da região.

1h30: Acadêmicos do Sossego vai levar para a avenida o enredo “Visões Xamânicas”, com profecias indígenas que alertam para o colapso do planeta, caso a humanidade não comece imediatamente a preservar e respeitar o meio ambiente.

Na quinta-feira (21), as escolas homenageiam personalidades negras da cultura, resgatam a ancestralidade africana, critica o afastamento do carnaval do povo negro e faz releituras de carnavais saudosos. Destaque para o tema da Pequena África, bairro onde chegavam os escravizados no Rio e a homenagem ao lendário capoeirista Besouro Mangangá.

21h: A Lins Imperial homenageia o humorista Mussum, de Os Trapalhões.

21h45: A Inocentes de Belford Roxo vai contar a história de uma tradição do carnaval pernambucano: a Noite dos Tambores Silenciosos. Uma festa que há mais de 50 anos celebra a ancestralidade negra.

22h30: A Estácio de Sá faz uma releitura do carnaval de 1995, o ano do centenário do Flamengo, sob o ponto de vista do torcedor.

23h15: A Acadêmicos de Santa Cruz vai homenagear o sucesso do ator e diretor Milton Gonçalves, que será coroado na avenida.

0h: A Unidos de Padre Miguel ensina quem é Irôko, o orixá do tempo, pouco conhecido no Brasil.

0h45: A Acadêmicos de Vigário Geral vai levar para a Avenida a Pequena África, região carioca marcada pela chegada de escravizados na cidade. Hoje o território guarda memórias da violência, mas também de cultura e de resistência.

1h30: A Império da Tijuca faz a crítica do “embranquecimento” e mercantilização do carnaval ao homenagear a escola de samba Quilombo, criada por Candeia e baluartes do samba, como símbolo de resistência do carnaval.

2h15: A Império Serrano homenageia Manoel Henrique Pereira, o Besouro Mangangá, um capoeirista baiano que entrou para a nossa história e que, segundo a lenda, tinha o corpo fechado e protegido pelos orixás. Morto ao 27 anos, ele teve grande importância na política social da Bahia ao lutar pela liberdade dos negros.

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