Deputados vão ao MP contra a compra de Viagra pelas Forças Armadas

Elias Vaz (PSB-GO) e Marcelo Freixo (PSB-RJ) identificaram sobrepreço de até 143% na compra de 35 mil unidades de medicamento usado para disfunção erétil pela cúpula militar

Fernando Frazão/ Agência Brasil

Os deputados Elias Vaz (PSB-GO) e Marcelo Freixo (PSB-RJ) acionaram o Ministério Público Federal (MPF) solicitando investigação sobre a compra de 35 mil comprimidos de Viagra pelas Forças Armadas. Além da aplicação inadequada dos recursos públicos, os parlamentares suspeitam que houve superfaturamento na aquisição do medicamento.

De acordo com a colunista Bela Megale, do jornal O Globo, foram oito pregões para a compra do medicamento indicado para disfunção erétil por unidades ligadas aos comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Ela obteve as informações junto a Elias Vaz, que utilizou dados do Portal da Transparência e do Painel de Preços do governo federal.

Os processos de compra foram homologados em 2020 e 2021 e seguem valendo. Há, contudo, diferenças de valores na aquisição do produto. Num deles, em 2020, a compra dos comprimidos saiu no valor de R$ 3,65 a unidade. Porém, em outro processo do mesmo ano, cada unidade custou apenas R$ 1,50. Além disso, em outro contrato ainda, o valor pago pelo medicamento foi 143% maior do que o preço de mercado.

Deboche

“No início do mês tivemos um reajuste alto no preço dos remédios, os hospitais sofrem com a falta de medicamentos e Bolsonaro e sua turma usam dinheiro público para comprar o ‘azulzinho’”, afirmou Vaz, pelo Twitter.

“É um deboche com milhões de brasileiros que sofrem com a falta de medicamentos nos postos de saúde. O Ministério Público tem que investigar essa farra com dinheiro público”, tuitou o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ). Nesse sentido, ele lembrou que o governo Bolsonaro já vetou a distribuição de absorventes para mulheres pobres, enquanto libera a compra de Viagra para os militares.

À colunista do O Globo, Marinha e a Aeronáutica informaram que a compra de Viagra visa ao tratamento de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). O Exército ainda não havia se manifestado até o fechamento desta nota.

Picanha, filé e salmão

Na semana passada, Bela Megale também noticiou que os militares gastaram R$ 56 milhões em recursos públicos para comprar picanha, filé mignon e salmão. As compras foram feitas entre janeiro de 2021 e fevereiro de 2022, sob a gestão do ex-ministro da Defesa Braga Netto. De acordo com a reportagem, foram mais de 1 milhão de quilos daquelas chamadas “carnes nobres”. Assim como no caso do Viagra, foi a assessoria de deputado Elias Vaz que produziu o levantamento.

Da Rede Brasil Atual