Rússia diz que Putin e Zelensky podem se encontrar para assinar tratado

A Rússia propôs a realização de um encontro entre seu presidente, Vladimir Putin; e o ucraniano, Vladimir Zelensky, disse hoje o chefe da equipe de negociação russa em conversações com Kiev, Vladimir Medinski.

Vladimir Medinski é o chefe da equipe de negociação russa l Foto: Sergei Karpukhin/TASS

Em conferência de imprensa no final da reunião de representantes da Rússia e da Ucrânia, nesta terça-feira(29), na cidade turca de Istambul, o conselheiro presidencial russo disse ainda que o encontro entre os dois presidentes poderá ocorrer simultaneamente com a assinatura de um tratado de paz entre os dois países ao nível dos ministros dos Negócios Estrangeiros.

Ele explicou que no momento da assinatura e consideração do documento, ambos os líderes podem discutir “detalhes do acordo, nuances e aspectos políticos”, informou a agência de notícias TASS. “Dessa forma, se o tratado for elaborado rapidamente e o compromisso necessário for encontrado, a possibilidade de alcançar a paz estará muito mais próxima”, acrescentou.

Representantes da Rússia e Ucrânia estiveram reunidos a convite do presidente da Turquia

Segundo o representante russo, foi um encontro construtivo em que o lado ucraniano apresentou uma posição e propostas claramente formuladas, que serão estudadas e comunicadas à liderança do Kremlin.

“As propostas que a Ucrânia nos enviou, estamos prontos para considerar, faremos nossas contrapropostas, é claro”, disse o alto funcionário russo ao canal de televisão RT.

Ele lembrou que as condições de Moscou para a cessação das hostilidades e o fim do conflito foram apresentadas ao lado ucraniano desde o início da operação militar, “mas agora entendemos como avançar para um compromisso”.

Ele afirmou que ainda há um longo caminho a percorrer para preparar um acordo entre Moscou e Kiev em termos aceitáveis ​​para ambas as partes.

Salientou que as propostas apresentadas em Istambul pelas autoridades ucranianas representam a primeira aspiração concreta formulada por aquele país e que implica um compromisso, informou a agência noticiosa TASS. Ele explicou que, em resposta a esse passo, Moscou deu outro, referindo-se à gradual desescalada militar nas direções das cidades de Kiev e Chernigov.

Medinski esclareceu que a redução da ofensiva russa em direção a Kiev é necessária porque as autoridades que devem tomar as decisões estão nessa cidade.

“O segundo grande passo de nossa parte está relacionado à possibilidade de realizar uma cúpula no momento em que os chanceleres assinarem o tratado preparado”, disse.

Horas antes, Medinski disse à imprensa que as propostas escritas da Ucrânia incluem a recusa de ingressar em blocos militares, a proibição de colocar bases e contingentes militares estrangeiros no país e a proibição de realizar exercícios militares em território nacional sem o consentimento dos estados garantidores, incluindo Rússia.

O chefe da delegação russa assegurou que o documento de Kiev também confirma seu interesse em permanecer neutro e livre de armas nucleares.

“Recebemos propostas escritas da Ucrânia confirmando seu desejo de um status neutro, não alinhado e não nuclear, com a renúncia à produção e implantação de todos os tipos de armas de destruição em massa, incluindo químicas e bacteriológicas”, disse ele. 

As consultas russo-ucranianas começaram em 28 de fevereiro na região bielorrussa de Gomel e continuaram nos dias 3 e 7 de março na reserva natural de Bialowieza, também naquele país.

Em 10 de março, os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Ucrânia, Sergei Lavrov e Dmitri Kuleba, reuniram-se na cidade turca de Antalya, na presença de seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu.

Em declarações à imprensa no dia 25 de março, Medinski comentou que as conversas continuavam sem avanços nas questões-chave, enquanto as posições estão mais próximas nas questões menores.

Ele ressaltou que Moscou insiste na assinatura de um tratado abrangente que, além do status de neutralidade da Ucrânia e de suas garantias de segurança, estabelece uma série de cláusulas fundamentais para a nação eurasiana.

Ele indicou que essas prioridades são a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia, definição do status e reconhecimento da Crimeia e das repúblicas populares de Donbass.

A Rússia lançou uma operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro, depois que as autoridades das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pediram ajuda para repelir o aumento da agressão de Kiev.

Fonte: Prensa Latina