Após queda de ministro, parlamentares querem investigar escândalo no MEC

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD-AM), diz que a exoneração de Milton Ribeiro não resolve o problema

Ex-ministro Milton Ribeiro (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Mesmo após pedido de demissão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, deputados e senadores defendem a investigação das denúncias de corrupção envolvendo a liberação de verbas na pasta. Para os parlamentares, o áudio vazado traz revelações bombástica e ainda envolve o próprio Bolsonaro.

“Minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar, porque foi um pedido especial que o presidente fez para mim”, declarou o ex-ministro, referindo-se aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) aponta como caminho a criação de uma CPI. “A Oposição no Senado está mobilizada para criar uma CPI do MEC e investigar a bandalheira que Bolsonaro e Milton Ribeiro fizeram com o dinheiro da Educação. O ministro caiu, agora tem que ir atrás do mandante”, defendeu.

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD-AM), diz que a exoneração dele não resolve o problema. “Ele tem de responder pelos crimes que cometeu. Todos os criminosos envolvidos na ‘venda’ de recursos devem ser punidos. A influência do presidente Bolsonaro no esquema deve ser investigada. Os danos à educação são irreparáveis”, afirmou.

Ramos considerou grave também o fato de Ribeiro receber relatos de propina no MEC e não tomar atitude. “Um ministro da Educação que reconhece ouvir relatos de propina e nada faz é tão criminoso quanto o propineiro (…) O pedido de barra de ouro em troca da liberação de recursos, mostra que a esculhambação tá a serviço da corrupção!”, afirmou.

Senado

O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que os parlamentares não permitirão fuga das investigações contra o Ribeiro e Bolsonaro.  “A saída do ministro da Educação não será aceita como tentativa de livramento das responsabilizações cabíveis”, disse.

“A partir de agora entendemos que é dever do parlamento cobrar investigações minuciosas desse, que já é um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil. Vamos pedir a instalação de uma CPI no Senado para investigação do BOLSOLÃO do MEC!”, escreveu no Twitter.

Nesta quinta-feira (31), Ribeiro será ouvido na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado para explicar a existência de um balcão político para liberação de verbas. Segundo Randolfe, que é autor do convite, o ex-ministro confirmou presença. “Será uma boa oportunidade para ouvir os esclarecimentos que ele terá a prestar sobre o esquema escabroso de corrupção no MEC. Estaremos lá!”, tuitou o senador.

Estudantes

Numa postagem, a União Nacional dos Estudantes (UNE) diz que Ribeiro já foi tarde. “Mas não vamos nos iludir: não há chance de recuperar o MEC enquanto não tirarmos Bolsonaro! Queremos a investigação do presidente, que foi citado nominalmente nos áudios vazados!”.

A presidenta da entidade, Bruna Brelaz, considerou que a investigação em cima do gabinete paralelo da educação é imprescindível. “Bolsonaro tenta outra vez escapar impune, demitindo o quarto ministro da pasta. Estamos firmes e mobilizados pressionando para que haja a continuidade na apuração das denúncias”, assegurou.

“Mesmo com milhares de jovens sem estudar, o inimigo da Educação escanteou nossas escolas e oferecia ouro como propina num esquema criminoso. Com Bolsonaro, estaremos sempre em risco, seu governo é berço da corrupção. Investigação já!”, cobrou a presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Rozana Barroso.

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