PCdoB vai anunciar apoio a Lula neste sábado (26), diz Luciana Santos

Segundo a dirigente comunista, o anúncio público do apoio a Lula está previsto para sábado (26), em Niterói (RJ), no Ato Político Frente Ampla para Florescer a Esperança

Lula e Luciana Santos junto com dirigentes do PCdoB e do PT l Foto: Ricardo Stuckert

A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, confirmou nesta quinta-feira (24) que o Partido vai formalizar o apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022. Luciana participou pela manhã do seminário “Brasil Pós-Pandemia: Desafios do Projeto Nacional de Desenvolvimento”, que está sendo promovido pela CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), no Rio de Janeiro.

Segundo a dirigente comunista, o anúncio público do apoio a Lula está previsto para sábado (26), em Niterói (RJ), no Ato Político Frente Ampla para Florescer a Esperança. A atividade é parte da programação do Festival Vermelho, o principal evento nos marcos do centenário do PCdoB. Um dia antes do anúncio, haverá, também em Niterói, uma reunião ampliada do Comitê Central do Partido, que deve oficializar a decisão.

No encontro com sindicalistas da CTB, Luciana reforçou a prioridade maior dos brasileiros em 2022: derrotar Jair Bolsonaro e se livrar de seu governo de destruição, para reconstruir o País e retomar o rumo do desenvolvimento. “O Brasil se encontra destruído”, afirmou. “Não foi pouco o que o atual governo conseguiu fazer em termos de ataque aos direitos, às instituições, à democracia e aos instrumentos de desenvolvimento. É certamente o pior presidente da história do Brasil.”

Dependência

A presidenta do PCdoB – que também é vice-governadora de Pernambuco – declarou que a condição do Brasil como nação dependente voltou a ficar em evidência nos últimos anos: “Foi assim com a pandemia, quando sofremos com a falta de respiradores e de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) para as vacinas contra a Covid-19. Agora, com a crise na Ucrânia, ficou clara novamente nossa dependência das cadeias produtivas mais dinâmicas do mundo”.

Há vários “paradoxos” nessa situação, segundo Luciana. “Não temos fertilizantes neste país de terra fértil, o maior produtor de alimentos do mundo, exportador carne, de frutas. Somos uma referência em commodities que depende da exportação de fertilizantes.”

Luciana Santos participou de semanário da CTB

Petrobras

Outro caso alarmante é o da Petrobras, a principal estatal brasileira, cuja política de preços – a PPI (preço de paridade de importação) – tem agravado ainda mais a inflação no Brasil. Hoje, o preço do petróleo e de seus derivados no País está subordinado à cotação internacional do barril petróleo e ao valor do dólar em relação ao real. “É uma política de preços criminosa”, denuncia Luciana. “A Petrobras determina muitos dos fatores da base da economia brasileira, é uma ferramenta indutora do desenvolvimento nacional e implica várias cadeias produtivas. O governo não pode ignorar o peso estratégico da Petrobras.”

A dirigente lembrou que a privatização e o desmonte das refinarias piorou a crise dos combustíveis. “Com menos produção nas das refinarias, temos de importar mais derivados de petróleo, com valor agregado. Dos dez itens que o País mais importa, seis ou sete são esses derivados”, afirma Luciana. “Com a inflação provocada pela alta dos alimentos e dos combustíveis, já existem capitais em que a cesta básica responde por 60% do salário mínimo.”

Desemprego

Como resposta à disparada da inflação, o Banco Central, por meio de seu Comitê de Política Monetária (Copom), fez a taxa básica de juros (Selic) saltar, em um ano, de 2% para 11,75%. “Não somos os únicos a denunciar essa tragédia. O presidente da Fiesp, Josué Gomes, tem dito que é preciso pensar para além do Copom, que o setor produtivo está comprometido, que a elevação da taxa de juros retrai a já combalida economia do Brasil.”

Um dos impactos da crise econômica é o aumento da precarização no trabalho. O País soma 29,1 milhões de trabalhadores desempregados, desalentados ou subempregados, conforme o IBGE. “Cerca de 25% da força de trabalho brasileira está nessa situação – e 30% desse contingente é de jovens. Temos 11 milhões de brasileiros de 15 a 26 anos que nem estudam nem trabalham”, diz Luciana. “Além disso, 41 milhões estão na informalidade – o equivalente a um a cada quatro trabalhadores no setor privado.”

As manobras de Bolsonaro

Luciana alertou os sindicalistas para a mudança de estratégia de Bolsonaro. Ciente do impacto da pandemia e da crise econômica sobre sua popularidade em baixa, o presidente adotou duas táticas simultâneas. Primeiro, deixou de lado o discurso negacionista, “talvez à espera de que o povo brasileiro esqueça as dores das mais de 658 mil mortes decorrentes da pandemia e da negligência do governo”.

Segundo, Bolsonaro investe em iniciativas econômicas eleitoreiras, que ajudam a melhorar temporariamente a renda de parte dos brasileiros, sem enfrentar de fato as causas da crise. Exemplo dessa manobra, anunciado há uma semana, é o Programa Renda e Oportunidade, um pacote que envolve R$ 165 bilhões. Não quer dizer, porém, que a gestão bolsonarista injetou todo esse montante a mais na economia. Entre as ações do programa, está a liberação de parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS.

#ForaBolsonaro

No entanto, a rejeição a Bolsonaro permanece majoritária entre os brasileiros, “especialmente as mulheres”, frisou Luciana. “O #EleNão continua muito forte.” Pesquisa BTG/FSB divulgada nesta semana indica que 53% dos eleitores consideram o governo “ruim” ou “péssimo”. Entre as mulheres, o índice de desaprovação sobe para 56%.

“Bolsonaro é expressão de uma fração reacionária e autoritária das classes dominantes, é produto desta época, da cultura digital, da fragmentação e polarização da sociedade”, resume Luciana. “É uma expressão de poder cada vez mais distante dos reais anseios do nosso povo. Ele precisa ser derrotado para que o Brasil retome o seu caminho. Fora, Bolsonaro!”

Lula e os trabalhadores

Na opinião da presidenta do PCdoB, a luta para derrotar Bolsonaro avançou com a formação da federação partidária entre PT, PCdoB e PV. A federação deve liderar a missão de reconduzir Lula à Presidência da República, como parte de uma composição ampla e programática.  “O Lula tenta atrair as forças do Centro comprometidas com o legado democrática. Mas há também a necessidade de se formar um polo popular e de esquerda, um núcleo estratégico mais afinado programaticamente – algo que não houve nos governos Lula e Dilma.”

Luciana saudou a convocação, para 7 de abril, da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora – a Conclat 2022. “É um marco da nossa luta, e o DNA de sua construção tem muito da CTB”, afirmou. “Que esse grande fato do processo político viabilize a pauta dos trabalhadores.”

Trabalhadores

De acordo com a dirigente, o Brasil pós-pandemia e pós-Bolsonaro precisa pôr fim a retrocessos como o teto de gastos, o tripé econômico e a reforma trabalhista. “Mas uma correlação de forças mais favorável aos trabalhadores requer um contexto mais avançado, com maioria política de forças populares e progressistas. Por isso, é necessário botar o bloco na rua e eleger trabalhadores e trabalhadoras para o Congresso Nacional.”

A um dia do centenário do Partido Comunista do Brasil, Luciana renovou o compromisso do PCdoB com a classe trabalhadora. “A centralidade do trabalho é o sentido de nossa existência. O PCdoB é um instrumento da luta política para a defesa dos trabalhadores.”

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