Motoristas de aplicativos desistem da profissão

Com alta dos combustíveis, empresas reajustam preço, mas medida pode diminuir a procura pelo serviço, relata o Brasil de Fato.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“Eu já estou procurando outro emprego. Vou desistir de ser motorista de aplicativo”, disse José Neto, ao ser questionado sobre o impacto da alta dos combustíveis no trabalho. Ele é um dos inúmeros profissionais brasileiros que dependem do carro para se sustentar. 

Desde 2019 como motorista de aplicativo, em Colombo, José Neto diz que é a primeira vez que a situação ficou insustentável. “Não estou tendo condições de trabalhar, pois os combustíveis estão altos, como tudo no país. Vou parar, não está mais viável rodar. No lugar de ganhar, estamos pagando para trabalhar”, conta. 

Já a curitibana Juliana Alizona, que ficou desempregada por conta da pandemia e recém-começou como motorista da Uber, também pensa em desistir. “Tinha feito planos financeiros com o trabalho, mas tenho ficado só no prejuízo. Eu tenho que trabalhar pelo menos 12 horas por dia, que é o que a empresa regulamenta pra gente. O que eu gasto é mais de 200 reais por dia com gasolina. Mas, ainda tem a manutenção do carro”, conta. Outro receio dela é por conta do reajuste das tarifas. “O problema que virá pra gente é a falta de passageiro. Estamos todos quase no mesmo barco.” 

O reajuste de tarifas nas corridas da Uber e da 99 para os usuários começou a valer na segunda (14). Uma das reclamações feitas por José Neto é que a situação estaria insustentável também porque as empresas não estariam fazendo o repasse aos trabalhadores. No entanto, após pressão das entidades que representam esses motoristas, na terça, 15, as empresas anunciaram o repasse. 

A Uber informou que começou a ser aplicado nesta semana, mas a implementação total pode levar alguns dias. A empresa ainda informou, em nota, que “tanto o motorista quanto o usuário sabem o valor de cada viagem antes de acontecer, então podem tomar suas decisões “. A 99 voltou a reforçar que o objetivo é aplicar o reajuste de 5% por quilômetro rodado em todas as 1.600 cidades em que opera, mas não informou quando começará. 

Fonte: Brasil de Fato Paraná