Isenção para importação do etanol depende de outros fatores para que preço caia

“É preciso garantir que os importadores e os produtores nacionais não aproveitem o momento, com redução do valor do imposto, e aumentem sua margem de lucro”, diz economista e técnico do Dieese na FUP.

A isenção completa para a importação de etanol, anunciada pelo Ministério da Economia, pode não bastar para que os preços que chegam ao consumidor final efetivamente baixem – ou ao menos parem de subir.

“Isso dependerá de alguns fatores, para além da mudança nos impostos”, sutenta Cloviomar Caranine, economista e técnico do Dieese na Federação Única dos Petroleiros (FUP). O primeiro problema é o do repasse: “É preciso garantir que os importadores e os produtores nacionais não aproveitem o momento, com redução do valor do imposto, e aumentem sua margem de lucro”.

Outro elemento é o preço internacional do açúcar – alimento cujo imposto de importação, não à toa, também teve sua alíquota zerada. “É necessário que os preços internacionais do açúcar e outros derivados da cana-de- açúcar caiam também. Nossos usineiros, produtores de etanol, também produzem açúcar e os dois mercados competem entre si – produzem mais o que está com preço melhor. Um dos motivos para aumento dos preços do etanol está na maior exportação de açúcar, com preço maior”, explica o economista.

Sem a queda do preço do petróleo, aponta Caranine, dificilmente o preço do álcool baixará: “O etanol, no posto, segue acompanhando o preço da gasolina”.

Outro fator a se levar em conta é o câmbio com o dólar. “O governo pode estar retirando impostos, mas o preço pode subir por conta do valor do dólar”, lembra o economista do Dieese.

Por conta da conjunção destes fatores, Caranine sustenta que é difícil determinar qual será o efeito prático sobre a curva do preço do álcool, ainda que já se saiba que o Estado brasileiro perderá capacidade de investimento em serviços públicos. “Se isso tudo acontecer, pode ser que o preço final caia. O consumidor pode ganhar com redução do valor do etanol, o que ainda é uma dúvida, mas certamente perde com menos impostos e menor capacidade de gasto dos entes públicos”.

Fonte: Portal Reconta Aí