Putin diz que Rússia sairá mais forte e que sanções afetam Ocidente

Governo disse que a segurança alimentar do país está garantida e mostrou o que o governo tem feito para enfrentar sanções.

© Sputnik/Andrey Gorshkov/Kremlin

O presidente Vladimir Putin disse nesta quinta-feira que as sanções impostas contra a Rússia afetarão o Ocidente, em preços maiores de comida e energia por exemplo, e Moscou resolverá seus problemas e emergirá mais forte. As declarações foram feitas durante reunião governamental televisionada, duas semanas depois de as forças russas invadirem a vizinha Ucrânia.

Putin afirmou que não havia alternativa para o que chama de operação militar especial na Ucrânia, e que a Rússia não é um país que pode aceitar comprometer a sua soberania em troca de algum tipo de ganho econômico de curto prazo.

“Essas sanções seriam impostas de qualquer maneira”, disse Putin, em uma reunião do governo russo. “Há algumas questões, problemas e dificuldades, mas superamos todas elas no passado e vamos superá-las agora”.

“No fim das contas, isso reforçará nossa independência, autossuficiência e soberania”, disse.

Seus comentários tiveram o objetivo de retratar as sanções ocidentais como um tiro no pé e tranquilizar o povo russo de que o país pode resistir ao que Moscou está chamando de “guerra econômica” contra seus bancos, empresas e empresários.

Putin disse que Moscou –importante produtor de energia que fornece um terço do gás da Europa– continuará a cumprir suas obrigações contratuais, apesar de ter sido atingida por amplas sanções que incluem proibição de compra do seu petróleo pelos EUA.

“Eles anunciaram que fecharão a importação de petróleo russo ao mercado norte-americano. Os preços estão altos lá, a inflação é sem precedentes, chegou a patamares altos históricos. Eles estão tentando nos culpar pelos resultados dos seus próprios erros”, disse.

Putin declarou que os EUA estão tentando enganar sua própria população ao culparem a Rússia pela alta do preço dos combustíveis.

“O fornecimento de petróleo russo para o mercado norte-americano não ultrapassa 3%. Esta é uma quantidade pequena, mas seus preços estão crescendo. Não temos absolutamente nada a ver com isso. Eles apenas se escondem atrás dessas decisões para enganar mais uma vez sua própria população.”

Ao mesmo tempo, o líder russo divulgou a intenção de Washington de assinar acordos de energia com a Venezuela e o Irã, países que o governo norte-americano aplica sanções e critica em declarações públicas há anos.

“Eles já estão tentando a todo custo chegar a um acordo com aqueles países contra os quais eles mesmos introduziram restrições ilegítimas no passado. Estão prontos para fazer as pazes com o Irã, com a Venezuela, para assinar imediatamente todos os documentos. Eles foram para a Venezuela para negociar com eles, mas não era necessário introduzir essas sanções ilegítimas”, disse Putin.

No sábado (5), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que se reuniu com uma delegação enviada pelo governo Biden a Caracas e que o encontro foi respeitoso, cordial e muito diplomático […]”, conforme noticiado.

Reagindo ao Ocidente, o governo russo afirmou mais cedo que havia proibido exportações de equipamentos de telecomunicação, medicina, automotivos, agrícolas, elétricos e tecnológicos, entre outros itens, até o fim de 2022.

No total, mais de 200 itens foram incluídos na lista de suspensão de exportações, que também abrange vagões ferroviários, contêineres, turbinas e outras mercadorias.

Vamos resolver esses problemas

Falando em tom calmo, Putin reconheceu que as sanções impostas desde a invasão de 24 de fevereiro estavam sendo sentidas.

“Está claro que em momentos como este as demandas das pessoas por certos grupos de bens de consumo sempre crescem, mas não temos dúvidas de que vamos resolver todos esses problemas trabalhando calmamente”, disse.

“Gradualmente, as pessoas vão se orientar, vão entender que simplesmente não há eventos que não podemos isolar e resolver.”

Putin citou que a Rússia é uma grande produtora de fertilizantes agrícolas e disse que “consequências negativas” serão inevitáveis para o mercado alimentício do mundo se o Ocidente causar problemas à Rússia.

Reunião ministerial

Seu ministro da Agricultura informou na reunião que a segurança alimentar do país está garantida.

Falando na mesma reunião, o ministro das Finanças, Anton Siluanov, disse que a Rússia tomou medidas para limitar a saída de capital e que o país pagaria suas dívidas externas em rublos, não em dólares. E, em seguida, será possível convertê-las em moeda estrangeira quando as reservas de ouro e divisas russas forem descongeladas.

“Nas últimas duas semanas, os países ocidentais travaram essencialmente uma guerra econômica e financeira contra a Rússia”, disse ele.

Siluanov disse que o Ocidente deixou de cumprir suas obrigações com a Rússia ao congelar suas reservas de ouro e moeda estrangeira. Ele estava tentando deter o comércio exterior, disse ele.

“Nessas condições, a prioridade é estabilizar a situação do sistema financeiro”, disse Siluanov.

Nacionalização de fábricas

De acordo com o secretário do Conselho Geral do partido no poder, Rússia Unida, Andrei Turchak, o fechamento permanente de empresas no país é observado como uma guerra contra os russos, e a nacionalização delas seria uma medida de retaliação. É o que defende um comunicado publicado na noite da última segunda-feira (8) no site do partido.

Após o início da operação militar especial russa na Ucrânia em 24 de fevereiro, uma série de empresas internacionais encerraram temporariamente suas operações no país, enquanto outras fecharam em definitivo.

O dirigente sênior do partido, disse que o fechamento completo optado por algumas companhias é visto como uma “guerra” contra os cidadãos russos e propôs a nacionalização de tais empresas.

“A Rússia Unida propõe a nacionalização das plantas de produção das empresas que anunciam sua saída e o fechamento da produção na Rússia durante a operação especial na Ucrânia. Essa é uma medida extrema, mas não vamos tolerar sermos apunhalados pelas costas e protegeremos nosso povo. Esta é uma guerra real, não contra a Rússia como um todo, mas contra nossos cidadãos. Tomaremos duras medidas de retaliação, agindo de acordo com as leis da guerra”, disse Turchak.

A maior parte das empresas não escolheu sair em definitivo do território russo, apenas optaram por suspender sua atividade e o envio de investimentos por um tempo, como a Toyota, a Nike e a IKEA. No entanto, outras decidiram terminar para sempre suas atividades, como as alimentícias Fazer, Valio e Paulig, da Finlândia.

A Fazer, que produz chocolate, pães e doces, tem três padarias em São Petersburgo e uma em Moscou, empregando cerca de 2.300 pessoas. Já a Valio possui uma fábrica de queijos com 400 pessoas, e a Paulig, uma torrefação de café com 200 pessoas.

Na semana passada, a Finlândia, que não é membro da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e faz fronteira com a Rússia, concordou em fortalecer os laços de segurança com os Estados Unidos.

Com informações das Agências de Notícias.