Bolsonaro usa guerra como pretexto para explorar minério em terras indígenas

O presidente da extrema-direita quer usar o conflito entre Rússia e Ucrânia para justificar a exploração de potássio na Amazônia

Sobrevoo na região sudoeste do Pará em 17/09/2020, quinta-feira e detectou focos de fogo, desmatamento e garimpo em unidades de conservação. Nesta foto, garimpo ilegal na Terra Indígena Munduruku, município de Jacareacanga. (Foto: Marizilda Cruppe/Amazônia Real/Watch/17/09/2020)

Bolsonaro usou suas redes sociais para novamente defender mineração em terras indígenas. Para ele, esse tipo de atividade serviria ao Brasil como alternativa para se livrar da dependência da importação de potássio, principalmente da Rússia. Assim, o presidente de extrema-direita quer usar o conflito desse país com a Ucrânia para justificar a exploração do minério na Amazônia.

O potássio é um dos produtos mais importantes para a fabricação de fertilizantes. Depois que a Petrobras fechou uma unidade e vendeu três fábricas do adubo, o país passou a importar 85% do produto no mercado internacional.

Sob a alegação de que o potássio é a segurança alimentar do brasileiro, Bolsonaro publicou um vídeo no qual faz a defesa da exploração desse minério em terras indígenas. “Como deputado, discursei sobre nossa dependência do potássio da Rússia. Citei três problemas: ambiental, indígena e a quem pertencia o direito exploratório na foz do Rio Madeira (existem jazidas também em outras regiões do país)”, disse ele.

O presidente também defendeu a aprovação do Projeto de Lei 191/2020, que autoriza atividades de mineração, agronegócio e de qualquer tipo de obra de infraestrutura dentro das áreas indígenas. “Uma vez aprovado, resolve-se um desses problemas”, defendeu.

Reação

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) “é um absurdo Bolsonaro usar a guerra na Ucrânia para justificar mineração em terras indígenas no Brasil, para extração de potássio usado em fertilizantes. “Não vamos permitir esse crime contra o meio ambiente e contra o direito à terra dos povos indígenas!”, disse a parlamentar.

“Bolsonaro usa guerra da Ucrânia e o risco de faltar fertilizantes para defender grilagem e exploração de potássio em terras indígenas. O que mais esperar de uma pessoa desprezível e cruel como Bolsonaro?”, criticou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR).

O deputado Rogério Correia (PT-MG) considerou que o presidente quer tirar proveito da situação. “Bolsonaro quer usar guerra para aprovar mineração em Terras Indígenas e produzir fertilizantes. Existem jazidas de potássio e fósforo espalhadas pelo Brasil em áreas não conflitantes com Territórios Indígenas ou Unidades de Conservação. Oportunismo para cometer mais crime ambiental”, criticou.

A deputada Vivi Reis (PSOL-PA) afirmou que o projeto flexibiliza a exploração de recursos minerais, hídricos e orgânicos nesses territórios. “Quando eles falavam sobre deixar a boiada passar, era sobre isso que se tratava. Não permitiremos que esse absurdo avance!”, protestou.

“Bolsonaro prepara um novo ataque aos povos indígenas e ao meio ambiente. Ele tem defendido a extração de potássio em áreas de preservação. A atividade em terras indígenas pode gerar danos ambientais imensuráveis”, previu o senador Humberto Costa (PT-PE).

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