Guerra continua sem avanço nas negociações da Ucrânia

Mesmo com o desespero ucraniano por um cessar fogo, sem envolvimento da OTAN, Putin não reduz a carga de ataques. Não houve sinal de recuo de ambas as partes.

O ministro das Relações Exteriores da Bielorrússia, Vladimir Makei, faz uma declaração enquanto o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, e delegados se preparam para conversas com Vladimir Medinsky, assessor presidencial da Rússia e chefe da delegação, na Bielorrússia em 28 de fevereiro

A primeira rodada de negociações Ucrânia-Rússia serviu para marcar uma segunda rodada. O objetivo é encerrar os combates nas cidades ucranianas, mas a rodada foi concluída sem acordos imediatos. Vladimir Medinsky, que chefiou a delegação russa, disse que os dois lados “encontraram certos pontos sobre os quais podem ser previstas posições comuns”.

As negociações ocorreram perto da fronteira Bielo-Rússia-Ucrânia na segunda-feira, enquanto as tropas russas continuavam seu ataque a cidades ucranianas – incluindo a segunda maior, Kharkiv – no quinto dia da invasão da Rússia.

Um assessor do presidente russo, Vladimir Putin, disse que as conversas com autoridades ucranianas duraram quase cinco horas. A percepção desta reunião é que ninguém moveu suas posições, mantendo o impasse. No entanto, os comentários que circularam apontam para a pressa da Ucrânia em um cessar-fogo imediato, sem possibilidades do país e aliar à OTAN.

Vice-ministro da Defesa russo, coronel general Alexander Fomin (E) e embaixador russo na Bielorrússia Boris Gryzlov

Mykhailo Podolyak, um dos principais conselheiros do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, deu poucos detalhes, exceto para dizer que as negociações se concentraram em um possível cessar-fogo e que um segundo turno poderia ocorrer “no futuro próximo”.

“A próxima reunião acontecerá nos próximos dias na fronteira polonesa-bielorrussa, há um acordo nesse sentido”, disse Medinsky.

Macron faz um telefonema para Putin

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu nesta segunda-feira ao líder russo Putin que poupe civis na Ucrânia, disse o gabinete do líder francês em comunicado.

O gabinete de Macron disse que, em um telefonema de 90 minutos, ele pediu ao líder russo para interromper os ataques contra civis e infraestrutura civil na Ucrânia e proteger as principais estradas, em particular a estrada do sul de Kiev.

“O presidente Putin confirmou sua disposição de assumir compromissos nesses três pontos”, disse o comunicado.

Macron também “reiterou a exigência da comunidade internacional de parar a ofensiva russa contra a Ucrânia e reafirmou a necessidade de implementar um cessar-fogo imediato”, disse o Palácio do Eliseu, mas não deu a resposta do líder russo.

Macron também pediu a Putin que respeite o direito internacional humanitário e permita que remessas de ajuda cheguem à população, disse o comunicado.

Enquanto isso, Zelenskyy assinou um pedido de adesão de seu país à União Europeia, em uma tentativa de solidificar o vínculo de seu país com o Ocidente.

A aplicação foi em grande parte simbólica, no entanto, já que o processo pode levar anos. A adesão à UE deve ser aprovada por unanimidade por todos os membros.

Russos bombardeiam Kharkiv

A artilharia russa bombardeou bairros residenciais de Kharkiv nesta segunda-feira, matando pelo menos 11 pessoas, disseram autoridades ucranianas. Isso demonstra que Vladimir Putin não está disposto a reduzir a carga de pressão, mesmo durante as negociações, acuando o resto da Europa.

O chefe da administração regional, Oleg Synegubov, disse que a artilharia russa atingiu bairros residenciais, embora não houvesse posições do exército ucraniano ou infraestrutura estratégica lá. Pelo menos 11 pessoas foram mortas, disse ele denunciando violência desproporcional. Nos últimos dias, houve um esforço da defesa ccraniana e da mídia em ridicularizar os ataques russos ao comemorar supostas vitórias.

Um veículo russo está queimando em Kharkiv

Mais cedo, o conselheiro do Ministério do Interior ucraniano, Anton Herashchenko, disse que os ataques com foguetes russos em Kharkiv na segunda-feira mataram dezenas de pessoas. Não foi possível verificar independentemente os números de vítimas.

Houve combates durante a noite em torno da cidade portuária de Mariupol, disse o chefe da administração regional de Donetsk, Pavlo Kyrylenko. Ele não disse se as forças russas ganharam ou perderam terreno.

As forças russas tomaram duas pequenas cidades no sudeste da Ucrânia e a área em torno de uma usina nuclear, de acordo com a Agência de Notícias Interfax.

A capital Kiev permaneceu sob controle do governo ucraniano, com o presidente Zelenskyy, vestido com roupas militares, encorajando seu povo com uma série de mensagens desafiadoras.

Explosões foram ouvidas na cidade antes do amanhecer e ucranianos montaram postos de controle e bloquearam ruas com pilhas de sacos de areia e pneus enquanto esperavam para enfrentar os soldados russos.

A narrativa da mídia ocidental aponta para uma derrota relativa da Rússia, ao insistir que a invasão russa – o maior ataque a um Estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial – falhou em obter os ganhos iniciais decisivos que Putin esperava.

O número de pessoas que fogem da Ucrânia subiu para mais de meio milhão, e pelo menos 102 civis foram mortos desde que as tropas de Moscou entraram no país, segundo as Nações Unidas.

Com informações das agências internacionais.

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