Policiais entram em greve por recomposição salarial

Governo Zema prometeu e não cumpriu recompor salários em 24%

Servidores da segurança concentraram-se na Praça da Estação e avenidas vizinhas no centro de Belo Horizonte - Foto reprodução de vídeo de Hedy

Milhares de policiais civis e militares de Minas ocuparam na tarde de hoje a Praça da Estação e Praça 7, no centro de Belo Horizonte, para reivindicar a recomposição salarial de 24% prometida pelo governador bolsonarista Romeu Zema, do NOVO, em 2019. Após o protesto, as diferentes categorias decidiram paralisar suas atividades para pressionar o governo.

Servidores de todo o estado participaram da manifestação no centro de Belo Horizonte – Vídeo de Hedy

Haverá apenas o expediente mínimo de 30% dos servidores da segurança pública. A decisão em assembleia é de paralisação. mas, pela Constituição Federal, os policiais e bombeiros militares não podem fazer greve. Os policiais civis não têm essa permissão desde 2017, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu vetar a greve para a categoria.

A avaliação dos servidores do setor é de que o movimento superou as expectativas, tendo movimentado os trabalhadores da segurança de todo o estado. Cerca de 200 ônibus partiram de diversas regiões de Minas com servidores para participar da manifestação no centro da capital. 

Servidores da segurança tomaram o centro de BH – Foto Divulgação

O tamanho da concentração e da manifestação fez lembrar a greve de 1979, realizada pelos peões da construção civil, após a greve das professoras no governo Francelino Pereira. Agora, a paralisação dos policiais pode desencadear novas greves, como a das professoras do Estado, que reivindicam o pagamento do piso salarial conquistado pela categoria e é negado pelo governo Zema.

Policiais saíram em passeata da Praça da Estação até a Assembleia Legislativa – Foto de Flausina da Silva

As reivindicações dos servidores da segurança de Minas começaram em 2019, quando eles saíram às ruas para exigir recomposição salarial que não recebiam desde 2015. Na ocasião, o governador Romeu Zema fez um acordo e apresentou um projeto de lei concedendo 13% em 2020, 12% em 2021 e 12% em 2022. A Assembleia Legislativa aprovou a proposta, e o primeiro reajuste, de 13%, foi pago em 2020.

Porém, o governador descumpriu o acordo e vetou as duas últimas parcelas da recomposição, que agora são cobradas pelos servidores. No total, os trabalhadores teriam uma recomposição de 41% como forma de compensar os efeitos da inflação.

O governo de Minas alega que aguarda a aprovação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) pela Assembleia Legislativa para aplicar a recomposição da inflação sobre o salário de todas as categorias de servidores estaduais.