Instituto de Arquitetos diz que tragédia de Petrópolis era anunciada

“Aceitar a indecente concentração de renda e de decisões é pactuar com as mortes e a devastação que nos impacta a cada ano”, diz o IAB

Bombeiros se equilibram sobre a lama acumulada na Rua Teresa, em trabalho de busca nos deslizamentos de terra das chuvas em Petrópolis (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Em nota, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) afirma que há tempos a situação de risco no município de Petrópolis (RJ) vinha sendo alertada. Apesar disso, diz a entidade, não se avança para resolver a principal causa: o modo como o capital trata o território. “Aceitar a indecente concentração de renda e de decisões é pactuar com as mortes e a devastação que nos impacta a cada ano”, diz o documento.

Assinado pela presidenta do IAB, Maria Elisa Baptista, o manifesto defende reformas urgentes como agrária, urbana, tributária. “Se não recuperarmos direito e investimentos no que importa – saúde, educação, moradia, trabalho -, se não escolhermos governos que se contraponham a esse sistema de exploração, toda ação será inócua.”

O IAB diz que toda área do município é de risco. “O que se anuncia, há tempos, já está aí. O território, espoliado, maltratado, exaurido, não suporta o que nele colocamos à força – gentes, coisas – ou retiramos à fórceps – matas, minérios, águas. Os rios não têm onde alargar sua corrente, como é seu direito nas cheias, o solo não absorve as chuvas que chegam torrenciais, as encostas devastadas não se seguram. Sabendo tudo isso, não mudamos um milímetro o que realmente é a causa: o modo como o capital trata o território”, diz a nota.

Por fim, a entidade presta solidariedade aos moradores. “Nesse verão trágico, o Instituto de Arquitetos do Brasil une-se, mais uma vez, à dor das famílias atingidas na região serrana do Rio de Janeiro.”

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