Lições de Ariano Suassuna

O que Ariano ajuíza é a temperança. O realista esperançoso é o equilíbrio, a prudência, o avançar

Ariano Suassuna | Foto: Reprodução

A literatura, sem dúvida, é uma das melhores e mais fecundas criações da história. A arte da palavra como instrumento de encantamento, reflexão e interação no disseminar de culturas, ajuda-nos em nossa busca pela humanidade.

Cepa ilustre desta arte – genuinamente tupiniquim – o paraibano radicado em Recife, Ariano Suassuna, cumpriu com primor a empreitada de nos encantar e dos nos humanizar, assim como de nos ensinar.

Peculiar em suas ideias, Ariano era um defensor aguerrido e intransigente da Brasilidade; sobretudo, da nossa língua portuguesa. Não admitia modismos – muitas das vezes cafonas e arrogantes – de utilização de palavras estrangeiras. Tanto que suas aulas tinham que ser espetáculos, e jamais, show ou algo semelhante.

Exímio contador de histórias, possuidor de um humor refinado e inteligentíssimo, ministrava como ninguém seus ensinamentos, suas ideias e sua arte.

Certa vez, disse: “O otimista é um tolo. O pessimista um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”

O otimismo desassociado da realidade é um aleive muitas das vezes, perigoso. Impede-nos, de fato, avançar.  Já o pessimismo é uma das principais características da inércia, ou seja, um personagem caricato da mediocridade: um chato.

O que Ariano ajuíza é a temperança. O realista esperançoso é o equilíbrio, a prudência, o avançar.

Oras, a existência é a singularidade mais profunda da esperança. Aqueles que perdem a esperança já não coexistem, ou seja, estão literalmente mortos.

Abundantes são os exemplos na história humana onde o poder da esperança nos fez superar adversidades e momentos difíceis.

É malgrado e funesta a desesperança que nos faz desumanizar.

A realidade de Ariano é o diagnóstico, o fato e a concretude. Razão pela qual se torna indispensável e irrefutável para a esperança, pois através da realidade factual é possível a superação e o avançar.

Esta é uma preciosa lição do espetáculo que a existência de Suassuna proporcionou e só resta saber se seremos tolos ou chatos, ou se aplicaremos a temperança.

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