SP anuncia superlotação de aulas para garantir vaga para crianças

Para evitar investimento em infraestrutura educacional, governo Dória anuncia que as salas superlotadas poderão ter dois professores. Medida foi anunciada após escândalo da fila de espera de milhares de matrículas.

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Diante das inúmeras denúncias que aparecem nos telejornais, de que as crianças em São Paulo não estão conseguindo matrícula nas escolas públicas, o Governo do Estado anunciou que as salas de aula do 1º ano do ensino fundamental da rede pública vão poder ter mais de 30 alunos. Foi uma forma de garantir matrícula para todos, reduzir a fila de espera, sem investir mais recursos em novas escolas e infraestrutura.

Para evitar a reação negativa entre pais e profissionais da educação diante da superlotação de salas, e queda na qualidade da formação, o secretário estadual da educação, Rossieli Soares, procurou enfatizar a medida compensatória que adotou para amenizar os efeitos da lotação de salas, por meio da contratação de dois professores.

“Nós temos algumas escolas em que o limite de módulo era de 30 alunos e passou a ter 33, por exemplo. Nestes casos, para atender e manter a qualidade, a secretaria pela primeira vez contratará professores extras. Essas turmas passarão a ter dois professores na sala de aula, trazendo a razão de acompanhamento pedagógico para um número muito mais benéfico ainda para os nossos estudantes”, disse Soares, referindo-se a supostas situações em que o aumento da lotação foi mínimo, embora a fila de espera não sugira esse perfil de turma.

Outra medida típica da gestão tucana apresentada foi a oportuna privatização de vagas. Segundo o secretário de Educação, se houver necessidade, o governo de São Paulo pode inclusive buscar novas vagas na rede particular. “Todas as medidas serão feitas e não deixaremos as crianças sem escolas. É uma demanda importante para essas crianças e não deixará de ser atendida. E, se for necessário, inclusive, ir atrás de vagas na rede privada para termos atendimento, nós faremos isso”, afirmou.

Impacto da pandemia

Ontem, o Ministério Público estadual se reuniu com as secretarias de Educação estadual e municipal de São Paulo e com a Defensoria Pública para tratar a questão. As reportagens apontaram para uma fila de espera de mais de cinco mil alunos, que chamou a atenção do MP.

Até esta quarta-feira, a rede pública estadual registrou 72.252 matrículas para o 1º ano do ensino fundamental na capital, com 6.586 alunos a mais que em 2021. Nas escolas públicas municipais, o atendimento passou para 49.428 crianças em 2022, o que equivale a 5.512 alunos do 1º ano a mais que no ano passado.

Segundo o governo, a demanda aumentou neste último ano por causa dos impactos da pandemia de covid-19. Com a crise econômica causada pelo surto sanitário, muitos pais não conseguiram manter os custos da escola privada e passaram seus filhos para a rede pública.

Ao Ministério Público, o governo informou que já conseguiu atender parte das 5.040 crianças que estavam aguardando para serem matriculadas. Hoje, a fila de espera por uma vaga conta com 2.614 alunos. A previsão é que todos sejam atendidas até o dia 20 de fevereiro.

“Aqui em São Paulo, nenhuma criança ficará fora da escola. Até 20 de fevereiro, todas as matrículas serão atendidas”, disse hoje o governador de São Paulo, João Doria, após o escândalo das crianças chorando na televis`ão por não conseguirem ir à escola. “O governo do estado e a prefeitura se mobilizaram e estão viabilizando mais vagas para o atendimento pleno da demanda por matrículas na rede pública de ensino.”