Celso Amorim sobre Brasil na OCDE: “Não vai trazer grandes benefícios ao país”

Para ex-chanceler, organização é o “templo do neoliberalismo” e basta olhar para o Chile e o México para ver o resultado.

(Foto: Antônio Araújo/Agência Câmara)

Na terça-feira (25), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aceitou o pedido do Brasil e deu luz verde para que o país inicie formalmente as negociações para ingresso na entidade. Ministros do atual governo, como Ciro Nogueira, da Casa Civil, o chanceler, Carlos Alberto França, e Paulo Guedes, da Economia, comemoraram e disseram que a entrada brasileira no bloco era prioridade da política externa do governo Bolsonaro. No entanto, Celso Amorim, ex-ministro das Relações Internacionais, não vê com bons olhos a aproximação do Brasil à OCDE, e acredita que seu ingresso deveria ser analisado com calma, segundo a Folha de São Paulo.

“Não há grandes benefícios em ser membro da OCDE. Essa coisa desse ‘pseudosselo’ de qualidade já era, depois do que aconteceu no Chile e no México […]. O Chile teve uma crise do neoliberalismo brutal nas ruas. O México, país que mais se abriu, foi um dos que mais sofreram com a crise do [banco] Lehman Brothers [2008]. Ser da OCDE não fez com que o México recebesse mais investimentos que o Brasil”, afirmou Amorim citado pela mídia.

Para o ex-ministro, o bloco “é um templo do neoliberalismo, que impõe abertura comercial, liberdade de movimentação de capitais, restrições a propriedade intelectual, genéricos, licença compulsória de medicamentos”. Entretanto, Amorim diz que não vai “demonizar” a organização, mas também não vai “endeusar”.”Esse ‘pseudosselo’ de qualidade já era […] tem que ver com calma”, complementa.

Fonte: Agência Sputnik