Os comerciários e a ameaça da nova onda de Covid-19

O vírus é real, não adianta negar.
Lojas começam a perder funcionários.

Lojas começam a fechar por falta de trabalhadores l Foto: reprodução TV Globo

O ano começou com as notícias do aumento do número de casos de pessoas com Covid. Uma tragédia anunciada por conta do relaxamento das medidas preventivas e das aglomerações das festas de fim de ano, que provocaram o avanço na contaminação pelo vírus, principalmente através da nova variante, Ômicron, e o vírus influenza. A Universidade de Washington (EUA) avalia que o Brasil pode ter 1 milhão de casos diários de Covid em duas semanas. O estudo considera que o número de casos é maior que os dados divulgados e podem dobrar em 15 dias.

A situação já afeta muitos trabalhadores. No comércio, as lojas começaram a perder funcionários para uma nova onda de infectados. Recebemos informações de comerciários que, com sintomas leves da Covid, estão indo para o trabalho por conta do medo de perder remuneração ou até mesmo o emprego. O trabalhador do comércio tem contato direto com centenas de pessoas diariamente, seja nos supermercados, lojas de rua ou em shoppings, o que pode aumentar ainda mais a disseminação do vírus.

É hora de começar a reavaliar o funcionamento do comércio, para evitar o deslocamento em horários de pico, inclusive com a possibilidade de redução de horário por algumas semanas. Neste caso, as lojas também precisarão se adequar a este novo momento da pandemia. Ao mesmo tempo, é preciso realizar testes em massa, principalmente para aqueles trabalhadores que estão diariamente nas ruas.

O principal agora é avançar na vacinação, reforçando as campanhas para que todos completem o ciclo vacinal, com as doses de reforço. Porém, em meio a todos esse caos, temos que administrar as investidas do próprio chefe de Estado contra as vacinas, ao invés de incentivar a vacinação. Para avançar, basta que o governo Bolsonaro interrompa sua campanha negacionista, que desconhece o papel vital da ciência e incentiva a população a não buscar os cuidados necessários.

Nas costas desse governo insensível à dor das famílias estão as mortes de mais de 620 mil pessoas. Mais de 300 crianças, que o presidente da República disse recentemente desconhecer. Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas com a rapidez na aquisição e aplicação das vacinas. O relatório final da CPI da Covid apresentou dados que demonstram a responsabilidade do chefe da nação, que por diversas vezes provocou aglomeração em suas atividades e motociatas.

Por outros lado, duas notícias recentes trazem esperança diante de um cenário tão desanimador: o início, em breve, da vacinação em crianças de 5 a 11 anos, apesar de todos os atrasos provocados pelo governo federal; e o início da produção 100% nacional da vacina pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com previsão de entrega, em fevereiro, para o Ministério da Saúde.

Também foi importante a decisão de suspender o carnaval de rua. A festa reúne multidões que são impossíveis de manter algum controle. Muitas cidades já tomaram essa decisão, que deve ser seguida por outras regiões. Apesar dos efeitos que isso pode acarretar, principalmente para o turismo, o momento é de precaução, de salvar vidas.

A principal obrigação da população continua sendo o uso de máscara e álcool em gel, proteções fundamentais. Quem ainda não tomou a segunda dose ou a de reforço precisa procurar rapidamente os postos de saúde, assim como vacinar seus filhos. Basta o governo federal não atrapalhar ainda mais.

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