Sérgio Rubens é homenageado pelo Comitê Central do PCdoB

“Seu exemplo de compromisso e dedicação sem limite ao Partido, ao Brasil e ao povo ficará para sempre”, afirmou Luciana Santos.

Foto: Karla Boughoff

Pronunciamentos da presidenta do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Luciana Santos, e do dirigente Márcio Cabreira, na abertura da reunião do Comitê Central iniciada nesta sexta-feira (10), homenagearam Sérgio Rubens, vice-presidente do do PCdoB, falecido em 5 de dezembro, em São Paulo, vítima de aneurisma de aorta abdominal. Durante as homenagens, membros do Comitê Central ressaltaram aspectos da atuação de Sérgio Rubens, num clima de comoção e reconhecimento das qualidades de sua militância.

Luciana Santos destacou sua capacidade de elaboração, espírito partidário e de unidade, e honestidade intelectual. “Nunca deixou de afirmar suas convicções, sempre procurando o caminho para convergências”, realçou. “Parecia que conhecia Sergio Rubens havia muito tempo, tamanha a afinidade de pensamentos. Sua atuação como dirigente do PCdoB enriqueceu nossa legenda em sagacidade tática, visão estratégica, cultura patriótica e formação teórica marxista”, enfatizou.

Márcio Cabreira lembrou que Sérgio Rubens tinha duas obstinações: derrotar Bolsonaro e completar a integração PPL-PCdoB. “Outra característica muito especial foi a generosidade e compromisso com o ser humano, fosse quem fosse. Foi de uma grandeza e generosidade muito grandes, daqueles que buscavam enxergar os desafios, fossem os mais estratégicos, os mais difíceis, fossem daqueles aparentemente simples.”

Leia abaixo as duas intervenções:

Luciana Santos

Na abertura desta reunião do Comitê Central do nosso Partido, registro nossa homenagem aos lutadores que dedicaram suas vidas à luta do nosso povo e ao objetivo de um Brasil mais justo, solidário e soberano. Neste ano, perdemos quadros como Wagner Gomes, Haroldo Lima, José Carlos Ruy, Lindolfo dos Santos e Sergio Rubens, entre outros.

Em nome dos demais, quero fazer uma singela homenagem a Sérgio Rubens. Meu contato maior com ele se deu na incorporação do Partido Pátria Livre (PPL) ao PCdoB, depois das eleições de 2018. A primeira impressão foi apaixonamento, por sua tranquilidade, serenidade e densa formação cultural. Aquele momento, muito adverso pela vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, exigia um exercício de unidade.

Luciana Santos

Sergio Rubens dizia que naquele momento devíamos buscar nossas convergências. Desejávamos o mesmo para o Brasil, para os brasileiros e brasileiras. Não queríamos nada mais do que o socialismo. Tínhamos formulações dos caminhos para chegarmos a esse objetivo. Éramos marxistas e defendíamos o socialismo científico, com diferenças táticas secundárias. Assim ele agiu.

Parecia que conhecia Sergio Rubens havia muito tempo, tamanha a afinidade de pensamentos. Sua atuação como dirigente do PCdoB enriqueceu nossa legenda em sagacidade tática, visão estratégica, cultura patriótica e formação teórica marxista.

Ao longo do tempo, cresceu minha admiração, por sua consistência e capacidade de elaboração, pelo espírito partidário e de unidade, por sua honestidade intelectual. Nunca deixou de afirmar suas convicções, sempre procurando o caminho da convergência.

Seu exemplo de compromisso e dedicação sem limite ao Partido, ao Brasil e ao povo ficará para sempre. Foi de uma lealdade irretocável e de uma generosidade que nos alimenta de valores revolucionários elevados.

Disse, emocionada, no seu sepultamento, que quando a gente perde um guerreiro não o enterra, mas o planta para que floresçam mais e mais guerreiros dessa luta pela humanidade. Esta semente será regada e cultivada com dedicação e empenho na luta por um Brasil mais justo, soberano e democrático.

A bandeira vermelha de nosso Partido, entrelaçada à bandeira verde e amarela de nossa pátria, se curva em honra à memória e ao legado de Sérgio Rubens. Saberemos honrar seu exemplo de grande revolucionário, seu rico legado.

Márcio Cabreira

Agradeço a solidariedade pela perda do nosso camarada Sérgio Rubens. Vou tentar, inspirado nele, sintetizar. Uma de suas grandes qualidades foi buscar a síntese de cada questão, especialmente daquelas mais difíceis, que tínhamos que descortinar, enfrentar e superar.

Uma palavra sintetiza bem o Sérgio: coragem. Foi corajoso ao enfrentar a ditadura militar com arma na mão. Coragem para, depois, reconstruir o movimento operário, o movimento estudantil, reconstruir o MR-8. Coragem para fazer flexões táticas necessárias para derrubar a ditadura e formar uma frente democrática que desse estabilidade ao Brasil. Coragem de enfrentar questões complicadas, em especial quando o socialismo começou a ruir na União Soviética.

Márcio Cabreira

Sérgio fez viagens a Moscou nesse período, buscando entender e encontrar elementos, pessoas e companheiros que pudessem continuar aquela luta. Entre as figuras que conheceu, estava Vitor Ampilov, principal ponto de apoio. Isso foi muito expressado no jornal Hora do Povo. Lá existe um farto material para pesquisa.

Outra característica muito especial foi a generosidade e compromisso com o ser humano, fosse quem fosse. Foi de uma grandeza e generosidade muito grandes, daqueles que buscavam enxergar os desafios, fossem os mais estratégicos, os mais difíceis, fossem daqueles aparentemente simples.

Sérgio deixa um rico legado, que registro num momento de dor, especialmente para quem conviveu com ele. Tinha duas obstinações: derrotar Bolsonaro e completar a integração PPL-PCdoB. Como ele disse no nosso 15º Congresso: “A gente muda um pouco a cultura do PCdoB, o PCdoB muda um pouco a nossa. Disso vai nascer um Partido mais forte, mais coeso e de vanguarda.”

Para buscar esse Partido mais forte, mais coeso e de vanguarda, no ato de fundação do PPL, em 21 de abril de 2009, Sérgio encerrou dizendo: “No PPL, os interesses coletivos se sobrepõem aos individuais. Afinal, essa foi a forma que aprendemos a trabalhar nos últimos 40 anos.”

Agradeço novamente e digo que precisamos estar cada vez mais coesos, mais firmes. O PCdoB hoje é a salvação do Brasil. Derrotar Bolsonaro passa pelo PCdoB. Quer dizer: um PCdoB mais forte e coeso significa libertar o Brasil de Bolsonaro, com mais rapidez possível.

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