A cúpula de Biden: Embuste antidemocrático

O presidente dos EUA, Joe Biden, irá promover uma dita “Cúpula para a democracia”, nestes dias 9 e 10 (quinta e sexta-feira). Esta farsa e o seu real propósito não são originais.

Embora com as conhecidas nuances de estilo, Joe Biden dá continuidade à cruzada encetada por Mike Pompeo, ex-diretor da CIA e ex-secretário de Estado de Trump, e à sua intenção de criar uma dita “aliança de democracias” dirigida contra todos os países que não se submetam ao diktat dos EUA e, particularmente, contra a China, que apontou como o grande adversário.

Na verdade, Biden persiste nos objetivos estratégicos expressos no “América primeiro” de Trump, proclamando que a “América está de volta” para reafirmar a sua liderança, isto é, para assegurar a subordinação e o alinhamento dos seus aliados e de outros países com a sua política de confrontação.

Invocando dissimuladamente a democracia, a corrupção e os direitos humanos, os EUA tencionam, na realidade, reafirmar, reforçar e ampliar os seus meios, instrumentos e teia de influência, pressão, ingerência, domínio e dependência – sobre cada país e ao nível internacional –, para prosseguir e, se possível intensificar, a sua política de agressão à soberania, à democracia, aos direitos.

O imperialismo norte-americano encara também esta Cúpula como uma operação ideológica e midiática, visando a recuperação da sua desgastada e negativa imagem.

No entanto, o embuste que esta Cúpula constitui não apagará que os EUA são responsáveis por uma política de sistemático desrespeito do direito de cada povo a decidir do seu presente e futuro – ou seja, da soberania, condição para a democracia –, apoiando regimes autoritários e fascizantes, promovendo golpes de Estado, impondo sanções e bloqueios econômicos, agredindo militarmente países e povos, forçando relações neocoloniais, sendo responsáveis pelas mais brutais violações de direitos econômicos, sociais, políticos, culturais e nacionais.

Aliás, seria aconselhável que Biden começasse por olhar para as imensas injustiças, desigualdade e problemas sociais, para o desrespeito por direitos, que marcam a sociedade norte-americana, uma realidade que o impacto econômico e social da epidemia colocou em evidência.

Tentando impor o que designam por uma “ordem mundial baseada em regras” – determinadas por si e em confronto com os princípios da Carta das Nações Unidas e o direito internacional –, os EUA procuram reunir as condições para continuar a impor os seus ditames, tentar contrariar o seu declínio relativo e salvaguardar o seu domínio hegemônico: a dita “Cúpula para a democracia” é só mais uma operação que se insere neste objetivo.

Fonte: Avante!

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