Chegada de Bolsonaro ao PL provoca debandada na sigla em todo o país

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (AM), e mais quatro deputados deixarão a sigla

Deputado Marcelo Ramos (Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara)

A lua de mel de Bolsonaro com o PL não será um mar de rosas. Com o casamento efetivado nesta terça-feira (30), o partido deve ter baixas em todo o país. Entre as quais a do vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (AM), e a do ex-ministro Mauricio Quintella, que preside o diretório do PL em Alagoas e é atual secretário de infraestrutura no governo de Renan Filho (MDB).

“Torna incompatível a minha presença no partido. Muito difícil a minha permanência”, admitiu o deputado amazonense ao UOL. De acordo com ele, a legenda também vai perder integrantes fiéis e sairá com uma bancada menos disciplinada. Com a saída, o parlamentar diz que pode se filiar ao PSB, PSD ou Republicanos. “Só falarei sobre o que farei após a filiação amanhã. Hoje é dia de festa do PL e eu respeitarei isso”, disse ao Vermelho.

O ex-superintendente da Suframa coronel Alfredo Menezes, que deixará o Patriota do Amazonas para disputar uma vaga ao Senado pelo PL, deixou claro que Ramos não terá espaço na legenda no estado.  “Vamos nos filiar ao PL e seremos candidatos pelo partido. Esperamos tirar as imundícies do partido, tirar as imundícies que precisam ser limpas. Com certeza, quem não for Bolsonaro vai ser convidado a sair creio eu”, declarou o bolsonarista.

Além de Ramos, devem deixar a sigla mais quatro nomes na Câmara dos Deputados. São eles: os deputados Junior Mano (CE), aliado dos irmãos Ciro e Cid Gomes (PDT); Fabio Abreu (PI), aliado do governador Wellington Dias (PT); Sergio Toledo (AL), que já foi do PSB e PDT; e Cristiano Vale (PA), aliado do governador Helder Barbalho (MDB).

Para frear a debandada nos estados, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, vai usar a decisão tirada na reunião do último dia 17 com os dirigentes regionais, segundo a qual ele tem carta branca para decidir sobre a sucessão presidencial e nos estados.

Sendo assim, anunciou que a legenda terá candidato ao governo de São Paulo, o que o possibilitará desfazer um acordo para que o partido apoiasse a candidatura de Rodrigo Garcia, do PSDB, ao governo paulista.

Bolsonaro quer seus aliados mais fiéis disputando cargos nos estados como o atual ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles ao governo e Senado por São Paulo, respectivamente.

Na filiação de Bolsonaro nesta terça na capital, no Complexo Brasil 21, ingressaram no partido junto ele o filho 01, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni.

No seu discurso, o presidente fez crítica veladas ao Supremo Tribunal Federal (STF): “Alguns extrapolam aqui na região, na Praça dos Três Poderes. Mas essa pessoa vai ser enquadrada, vai se enquadrando, vai vendo que a maioria somos nós. Nós aqui, que temos votos, em especial, é que devemos conduzir o destino da nossa nação.”

Autor