Presidente da Petrobras mente no Senado sobre alta dos combustíveis

Em audiência de quase três horas de duração, Silva e Luna omitiu que somente neste ano, nas refinarias, a gasolina subiu 71,6%, com 13 aumentos; o diesel 64,5%, com 14 altas; e o gás de cozinha 47,7%, com oito reajustes

O presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna participou virtualmente da audiência (Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado)

O presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, tentou explicar nesta terça-feira (23), durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que a estatal não era responsável pelo aumento abusivo de preços nos combustíveis, mas não convenceu. Disse que a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada em 2016 pelo então presidente Michel Temer e mantida pelo governo Bolsonaro, não era a “única variável responsável pelos aumentos.”

Em audiência de quase três horas de duração, Silva e Luna omitiu que somente neste ano, nas refinarias, a gasolina subiu 71,6%, com 13 aumentos; o diesel 64,5%, com 14 altas; e o gás de cozinha 47,7%, com oito reajustes. Preferiu afirmar que a empresa ficou 90 dias sem reajustar o gás de cozinha (GLP), como se isso fosse uma vantagem, mesmo sabendo que o preço do botijão do gás de cozinha, acima de R$ 120 em algumas regiões do país, representa mais de 10% do salário mínimo, e que famílias carentes estão usando lenha para cozinhar, em alternativa ao gás.

A afirmação gerou uma reação veemente do senador Omar Aziz (PSD-AM). “O salário do trabalhador brasileiro não é alterado a cada 90 dias, como o combustível é hoje quase diariamente. É uma brincadeira achar que se está fazendo um grande favor aos brasileiros”, indignou-se o senador.

“O Governo é preguiçoso e incompetente na gestão da crise dos preços dos combustíveis. A Petrobras é uma empresa altamente lucrativa e está ganhando muito dinheiro com a alta da gasolina, diesel e gás de cozinha. Há soluções para o problema e vamos encontrar elas aqui no Senado”, reagiu o senador Jean Paul (PT-RN).

O presidente da CAE, senador Otto Alencar (PSD-BA), indagou ao presidente da Petrobras sobre notícias de que as refinarias estariam operando abaixo da capacidade máxima, 60%, no caso da refinaria Landulpho Alves, na Bahia. Silva e Luna afirmou que a média de produção das atuais 13 refinarias está em torno de 90%. A pedido de Jean Paul e Otto, o presidente da Petrobras se comprometeu a enviar à CAE a informação “em tempo real e de fonte fidedigna” (em suas palavras) do atual “fator de utilização” das refinarias.

FUP

Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), disse que o general voltou a mentir sobre as refinarias. “Mentiu também ao inflar o atual nível de utilização da capacidade de refino e não disse que a gestão da empresa reduziu deliberadamente o fator de utilização das refinarias, que hoje atinge 75%, em média”, diz a entidade.

A medida provocou redução, de acordo com a FUP, na produção interna e elevou importações de derivados, a preços de PPI, que só beneficiam tradings e importadores. “As refinarias da Petrobrás podem refinar 2,4 milhões de petróleo por dia, mas, por decisão da gestão da empresa, elas estão refinando abaixo dessa capacidade. Desde que o PPI foi implantado em 2016, as refinarias tiveram a carga de produção reduzida e operam hoje com uma média de 75% de sua capacidade total. Com isso, o Brasil passou a importar cada vez mais derivados”, destaca o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar. Segundo ele, quem ganha com essa política são as importadoras de combustíveis.

Com informações da FUP e Agência Senado

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