Bolsonaro no PL levará o vice da Câmara a se retirar da legenda

Marcelo Ramos diz que não estará no mesmo palanque de Bolsonaro e evitou falar sobre a situação até que seja oficializado o ingresso do presidente na legenda

Marcelo Ramos é vice-presidente da Câmara dos Deputados l Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), deu sinais de que está com um pé fora da legenda. Questionado no programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (8), sobre o ingresso de Bolsonaro na legenda, ele foi enfático: “Eu não estarei no palanque com ele (Bolsonaro), mesmo que ele não se filiasse no PL; mas se o PL o apoiasse eu não estaria no palanque dele, mas em outro”.

O deputado amazonense, contudo, quer evitar o assunto e promete deixar clara sua posição após Bolsonaro ser oficializado como novo membro, o que está praticamente certo num evento marcado para o próximo dia 22.

“Em respeito ao partido que sempre me tratou com respeito, não falarei sobre a filiação de Bolsonaro. Por enquanto, todos sabem que não é uma situação cômoda pra mim e, no momento oportuno, irei me pronunciar”, disse ele, que é um ferrenho crítico do presidente.

Aos jornalistas do programa, Ramos também falou sobre o seu projeto político futuro e também pelo fato de ser cotado para vice do ex-presidente Lula numa chapa entre o PL e PT. “O caminho natural é a minha candidatura à reeleição de deputado federal e fico orgulhoso que um deputado do Amazonas, de primeiro mandato, novo na política nacional, tenha o nome especulado para ocupar uma chapa presidencial, mas isso é mera especulação que eu não sei de onde surgiu”, desviou.

Apesar dos acordos eleitorais estarem correndo solto, o vice da Câmara defende cautela e diz que o momento é para refletir sobre a grave situação econômica enfrentada pelos brasileiros. “A política só tem sentido se melhorar a vida das pessoas que já estão muito sofridas: são mais de 600 mil mortes, 15 milhões de desempregados, 20 milhões de famintos, inflação, juros altos. E é com isso que eu quero gastar minha energia, servir ao país e ao Amazonas. E a eleição vai ser tratada na hora certa, portanto, não é prioridade objetivamente para mim nesse momento. Eu quero cuidar das pessoas”, declarou Ramos.

Novo partido

Cogita-se que o deputado vá para o PSD, do senador Omar Aziz (AM). Ele esteve presente no ato de filiação ao partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (ex-DEM), que passou a ser mais um presidenciável.

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