Na Câmara, especialistas defendem uso de máscaras mesmo com vacinação

Comissão discutiu flexibilização da norma em algumas cidades

© Fernando Frazão/Agência Brasil

Especialistas ouvidos nesta quinta-feira (28) pela comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de enfrentamento à covid-19 defenderam a continuidade do uso de máscaras mesmo com o avanço da vacinação. O debate abordou a flexibilização da utilização da proteção facial em locais abertos e a adoção do passaporte sanitário em algumas cidades brasileiras.

No primeiro dia de liberação do uso de máscaras em ambientes abertos, a maioria dos cariocas manteve o uso da proteção facial para prevenção da covid-19. Resolução da Secretaria estadual de Saúde (SES), publicada no início da tarde, hoje, em edição extra do Diário Oficial, liberou o uso de máscaras em ambientes externos, mas manteve a obrigatoriedade em lugares fechados e no transporte público.

A secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite, lembrou que, apesar do recuo no número de casos com o aumento de doses aplicadas, só a imunização não consegue realizar o controle da transmissão do vírus, e o uso de máscara e o distanciamento precisam continuar.

“Por mais que tenhamos evoluído, que tenhamos segurança e que saibamos que a imunização vai ajudar a solucionar a pandemia, temos ainda de adotar outras medidas concomitantes”, apontou.

O assessor técnico do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Leonardo Vilela, afirmou que qualquer medida que for adotada para controle da covid-19 não pode ser realizada nacionalmente porque as realidades em cada estado são diferentes. Ele ressaltou que a flexibilização do uso de máscaras deve ser feita com muita cautela. 

“Nos Estados Unidos, de repente liberaram geral o uso da máscara para aqueles vacinados com segunda dose, e nós vimos um recrudescimento dos casos, das internações e dos óbitos. Isso obrigou as autoridades a recuarem, desobrigando a proteção facial apenas em ambientes abertos e sem aglomeração”, exemplificou.

Passaporte sanitário

O assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Alessandro Aldrin, disse que o certificado de vacinação é fundamental para a retomada dos eventos coletivos.

“O passaporte ou comprovante vem em boa hora para esses eventos, sim. A economia tem de voltar a girar, mas de forma segura”, destacou. “Estamos em democracia, então por que alguém que não quer se vacinar pode colocar minha saúde em risco? De forma alguma! Ele tem a prerrogativa dele, mas não pode colocar em risco o coletivo, ele não pode entrar em um estádio ou show com 30 mil pessoas”, acrescentou.

Para Aldrin, ainda não é o momento de deixar de lado o uso de máscaras, uma vez que o número de mortes por covid-19 no Brasil ainda está em torno de 400 pessoas por dia.

A deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), que propôs o debate, concordou com a exigência do comprovante de vacinação para que os cidadãos possam voltar a participar de eventos coletivos e reforçou que as demais medidas não devem ser abandonadas.

“O que mais importa é a gente dar segurança a esses locais, garantindo que todo o público presente esteja imunizado e, com isso, reduzirmos cada vez mais o números de óbitos e internações hospitalares”, comentou Zanotto, relatora da comissão externa.

O representante do Núcleo de Pesquisas em Direito Sanitário da Universidade de São Paulo, Daniel Dourado, acrescentou que uma das estratégias que devem ser utilizadas no combate à pandemia é justamente a comunicação clara com a população para que qualquer medida de relaxamento nas restrições não resulte em aumento da contaminação.

Da Agência Câmara de Notícias

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