Rejeição a Bolsonaro volta a subir e vai a 53%, aponta pesquisa

Sondagem revelou que até 79% encaram a inflação como “um grande problema no dia a dia”. Combustíveis (43%), alimentos (40%) e energia elétrica (11%) são itens que mais têm pesado no bolso das pessoas

(Foto: Reprodução)

A reta final da CPI da Covid e a carestia ajudaram a elevar, novamente, a rejeição ao governo Jair Bolsonaro. Conforme pesquisa Exame/Ideia divulgada nesta sexta-feira (22), subiu para 53% o número de brasileiros que avaliam a gestão bolsonarista como ruim ou péssima. Quem acha o trabalho do presidente ótimo ou bom são 23%, e regular, 21%. O recorde de desaprovação foi registrado em julho, quando 57% avaliaram o governo negativamente.

Segundo Maurício Moura, fundador do Ideia, esse patamar é muito perigoso para um potencial candidato à reeleição. A um ano do primeiro turno das eleições, a conversão de avaliação negativa em positiva tende a ser muito mais difícil. Na série histórica, a parcela da população que o avalia como regular – mais propensa a mudar de opinião – vem caindo desde o começo do ano.

“A aprovação de Jair Bolsonaro, apesar de bastante resiliente na casa de 25%, no histórico é bastante inferior aos pares dele que conseguiram a reeleição no Brasil pós-redemocratização, como Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Bolsonaro tem duas variáveis bastante preocupantes para uma possível reeleição: forte rejeição refletida no avaliação ruim, e baixa aprovação”, explica Moura.

À pergunta sobre como o presidente “está lidando com seu trabalho”, 53,9% dos entrevistados disseram desaprovar a gestão. Só 23% aprovaram, enquanto 20,2% não aprovavam nem reprovavam. Outros 2,9% disseram não saber.

A pesquisa também questionou os entrevistados sobre a inflação e o aumento de preços em 2021. A sondagem revelou que até 79% encaram as altas como “um grande problema no dia a dia”. Apenas 5% disseram discordar. Combustíveis (43%), alimentos (40%) e energia elétrica (11%) são itens que mais têm pesado no bolso das pessoas. Ao menos 68% disseram ter mudado hábitos de consumo por causa da inflação neste ano. Uma parcela ainda maior, de 74%, respondeu que estão comendo menos carne.

“Obviamente que isso tem um impacto muito grande no dia a dia das pessoas. Estamos falando de mais de dois terços dos brasileiros comendo de alguma maneira diferente, obviamente piorando sua alimentação em razão do aumento de preços”, observa o fundador do Ideia.

Dos entrevistados, 23% receberam o auxílio emergencial do governo federal. Entre essa parcela, a maioria (32%) não sabe se o programa social será estendido. Em meados de 2020, no início do pagamento do auxílio emergencial – à época, com valor de R$ 600 –, o governo viu a avaliação positiva subir e chegar a 40%. Mas, conforme os valores das parcelas foram caindo, a desaprovação aumentou.

A crise econômica, porém, segue prejudicando a população brasileira. Na economia, o número de desempregados atingiu 14,1 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Hoje, as pessoas que ganham até um salário mínimo são as que mais avaliam o governo como regular – 25%. É justamente essa parcela a mais impactada pelo auxílio – e mais propensa a mudar a avaliação para boa ou ótima, segundo Maurício Moura.

Os brasileiros também são pessimistas com relação ao futuro econômico do país. Ao menos 42% discordam que a economia vai melhorar nos próximos seis meses. A pesquisa mostra uma correlação do dado à insatisfação com o governo Bolsonaro, formada por 66% daqueles que o desaprovam e por 49% das classes D e E e 46% dos que têm ensino superior. “É um sentimento geral de desconfiança e incerteza em relação à melhora econômica”, analisa o fundador do ideia.

O resultado vem em um momento em que relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado apontou erros e crimes do governo na condução da pandemia, além de casos de corrupção envolvendo a compra de vacinas contra a Covid-19. O documento pede o indiciamento de Bolsonaro e de mais 65 pessoas, entre as quais os filhos do presidente, ministros e ex-ministros.

O fator religioso também mostra oscilação. Em maio deste ano o Bolsonaro chegou a perder apoio dos evangélicos, sua base mais fiel, mas recuperou nesta última pesquisa. Segundo a sondagem, os evangélicos que o avaliam como ótimo ou bom somam 39% – e os que afirmam que o governo é péssimo ou ruim são 33%. Apesar disso, ainda está longe dos 45% de apoio que chegou a ter.

Ao analisar por região, o presidente continua com o apoio do Norte (35% avaliam como ótimo ou bom) e no Centro-Oeste (27% avaliam como ótimo ou bom). A maior reprovação está no Nordeste, com 55% que o avaliam como ruim ou péssimo.

A pesquisa Exame/Ideia ouviu 1.295 pessoas, por telefone, entre os dias 18 a 21 de outubro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Com informações da Exame e da RBA