Em crise,Queiroga minimiza escândalo Prevent Senior e ataca Coronavac

Em almoço com empresários de planos de saúde omitido da imprensa, o ministro elogiou a empresa mergulhada em acusações e CPIs. Disse que as polêmicas em torno do kit covid são assunto vencido.

O ministro Marcelo Queiroga durante depoimento (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

No momento em que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, enfrenta crises no cargo, o médico minimiza escândalos envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e seu negacionismo científico. A atitude cada vez menos científica e alinhada com a estratégia de desinformação de Bolsonaro aponta para o medo de ser dispensado do cargo, diante do isolamento entre gestores de saúde.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o quarto ministro da saúde, desde o início da pandemia, participou de almoço, na quarta (13), fora da agenda com representantes das operadoras de planos de saúde, quando elogiou e minimizou a Prevent Senior, mergulhada em acusações, CPIs e inquéritos por defender o tratamento precoce de covid recomendado por Bolsonaro.

Queiroga disse aos empresários do setor privado de saúde que são páginas viradas a promoção de medicamentos sem eficácia para covid-19 e as suspeitas sobre a operadora Prevent Senior levantadas pela CPI da Covid no Senado. Ele elogiou o fato de a Prevent Senior ter ocupado uma lacuna no mercado ao disponibilizar planos mais baratos para idosos.

Queiroga ponderou que hospitais de excelência recorreram a medicamentos como hidroxicloroquina no começo da pandemia por falta de dados sobre a covid-19, embora haja acusações de postura antiética no tratamento aos pacientes de covid. Ele afirmou que o uso dos medicamentos do “kit covid” é tema do passado e que o governo prioriza a vacina.

O problema do discurso do ministro é que Bolsonaro insiste e defende o uso de medicamentos ineficazes, ao ponto de dizer, nesta quinta-feira (14), que voltará a recorrer ao tratamento precoce se for reinfectado e “ponto final”. A contradição lembrou os inúmeros desencontros entre o presidente e seus ministros, seguidamente exonerados, à exceção do militar Eduardo Pazuello.

A operadora entrou na mira da CPI da Covid após receber dossiê assinado por médicos que apontavam supostas falhas graves no atendimento. Segundo dossiê entregue à CPI do Senado, os hospitais da rede eram usados como laboratórios para estudos com o “kit covid”, em que pacientes e parentes não eram informados sobre isso.

Coronavac

Ainda alinhado com a disputa de Bolsonaro contra o governador João Doria. Queiroga também criticou a vacina chinesa Coronavac, distribuída no Brasil pelo Instituto Butantan, laboratório ligado ao governo paulista.

O ministro teria reclamado sobre pedidos do Butantan para manter a vacina na campanha de 2022. Ele teria dito ainda que o produto é menos eficaz do que outros modelos, como o da Pfizer, e não pode ser usado como dose de reforço.

A pauta do encontro ainda incluiu o esvaziamento da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), sem comando justamente no momento em que planos de saúde afundam em práticas antiéticas durante a pandemia sem que o órgão tenha capacidade de fiscalização.

Participaram do almoço representantes da Amil, Hapvida, SulAmérica, Qualicorp, Bradesco Seguros, Rede D’Or, UnitedHealth Group, Hospital Sírio-Libanês​, além da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) e Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde).

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