Pós-graduandos marcam paralisação contra cortes na ciência e tecnologia

Nesta sexta-feira (15), ao lado da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a ANPG reforçará o movimento por conta do Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Ciência

A presidente da ANPG, Flávia Calé (Foto: Divulgação)

Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) está convocando paralisação nacional para o próximo dia 26 contra os cortes de R$ 600 milhões no orçamento da ciência e tecnologia e pelo reajuste das bolsas e valorização da carreira científica. Nesta sexta-feira (15), ao lado da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a entidade reforçará o movimento por conta do Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Ciência.

Em resposta ao ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), que considerou falta de consideração os cortes no orçamento, a entidade disparou: “Pois é, ministro. Esse desgoverno sabota a Ciência. O ministro da Economia tem dinheiro para distribuir trator superfaturado, mas não para pagar as bolsas de estudo dos pesquisadores. Tem mais dinheiro na offshore do Paulo Guedes do que na conta do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).”

De acordo com a ANPG, será feito no dia do professor uma trincheira de mobilizações nas universidades para denunciar o desmonte do parque tecnológico. “Por isso, junto com outras entidades da comunidade científica como a SBPC, construiremos o dia nacional em defesa da ciência e contra os cortes. E convocamos a paralisação de pós-graduandos pela valorização do nosso trabalho”, disse Flávia Calé, presidente da ANPG.

A dirigente da entidade diz que os novos cortes na ciência revelam o caráter antinacional do governo Bolsonaro. “Quer nosso país de joelhos para o mundo. Meros consumidores de tecnologia. Ao passo que destrói o futuro dos jovens pesquisadores que acreditam na carreira científica. Por isso paralisaremos dia 26”, postou no Twitter.

Flávia Calé afirmou ainda a que entidade defende a criação de um programa nacional de pós-doutorado que oferte ao menos 50 mil bolsas para jovens doutores que não conseguem emprego no mercado de trabalho nacional. “É preciso dar perspectivas a esses profissionais e interromper a fuga de cérebros para o exterior”, disse.

Além disso, ela defendeu o reajuste imediato das bolsas de estudo, pois já são 8 anos de defasagem. “A universalização das bolsas de mestrado e doutorado, já que é cara a formação de recursos humanos altamente especializados, necessitando de investimento do Estado”, argumentou.

Orçamento deficitário

Em nota, a ANPG diz que os recursos seriam complementares ao orçamento deficitário da agência, e foram oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (FNDCT).

“Cabe destacar que a liberação desses recursos para a ciência têm sido uma longa batalha da comunidade científica contra o governo. Ou seja, essa manobra vai contra, inclusive, ao que foi aprovado no Congresso Nacional, pela Lei Complementar 177/2021, o qual prevê que os recursos do FNDCT sejam destinados, para sua devida finalidade, para financiar o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) que já está respirando por aparelhos, devido as asfixias orçamentárias dos últimos anos”, diz a nota

Com o corte, além de bolsas, fica prejudicado a execução de projetos científicos importantes para o desenvolvimento nacional, como o pagamento de projetos da Chamada Universal, recomposição dos Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, Pós-Doutorado Júnior, Ciência na Escola e Reator Multipropósito brasileiro e a Rede Vírus (uma iniciativa com projetos que combatem viroses emergentes, como a covid-19).

Sendo assim, a entidade diz que é imperativo que a situação seja revertida imediatamente. “Nossa defesa é que os recursos do FNDCT sejam estruturantes para recompor o orçamento do SNCT. Mas, sobretudo, que sirva para financiar um projeto de desenvolvimento com centralidade na retomada dos investimentos das pesquisas e dos nossos jovens talentos e pesquisadores, tal como apontado no Plano Emergencial Anísio Teixeira.”

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