Guedes quis legislar em causa própria sobre offshore em paraíso fiscal

O ministro da Economia de Bolsonaro defendeu retirar de projeto regra que tributaria recursos de brasileiros em paraíso fiscal, isto é, pouco tempo antes do consórcio de jornalista do Pandora Papers revelar que ele, esposa e filha possuem offshore com US$ 9,55 milhões nas Ilhas Virgens Britânicas

O ministro da economia, Paulo Guedes - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Em entrevista a Fórum, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) avaliou como conflito de interesse a defesa do ministro da Economia, Paulo Guedes, em retirar do projeto de lei do Imposto de Renda a regra que tributaria recursos de brasileiros em paraísos fiscais. O ministro de Bolsonaro fez a salvaguarda em julho deste ano, isto é, pouco tempo antes do consórcio de jornalista do Pandora Papers revelar que ele, esposa e filha possuem offshore com US$ 9,55 milhões nas Ilhas Virgens Britânicas.

Orlando Silva, que é vice-líder do PCdoB na Câmara, diz que há “há um conflito de interesses óbvio”. “Paulo Guedes quis legislar em causa própria. Gasolina a 7 reais, inflação superando 10%. Tá ruim para todo mundo, menos para o ministro, que enriquece com a alta do dólar”, criticou.

Na avaliação do parlamentar, a revelação do Pandora Papers é um escândalo. “Paulo Guedes tem uma offshore em paraíso fiscal com 9,5 milhões de dólares. Dito de outro modo: O ministro da Fazenda do Brasil tem uma empresa ativa, com sede fora do país, com 50 milhões de reais de ativos”, afirmou o deputado.

Na mesma reportagem, o economista Eduardo Moreira criticou chamar empresa de offshore. “Essa história de dizer que offshore é uma ‘empresa’ é enganação pra esconder a realidade. Empresa produz algo, presta algum serviço. Offshore é esquema pra ter conta em banco gringo que não paga imposto e esconde o dono. Normalmente porque a origem é ilegal. Em português claro”, definiu.

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