Exército coagiu médicos a receitarem “kit Covid”

Médicos seriam “praticamente obrigados a prescrever com um capitão vigiando”

O escândalo do “kit Covid” não se restringe ao presidente Jair Bolsonaro, ao Palácio do Planalto e à Esplanada dos Ministérios. Segundo o jornal O Globo, o Exército usou oficiais para rever decisões de médicos militares que não prescrevessem “tratamento precoce” a suspeitos de terem Covid-19.

A ordem foi dada pelo comando da 7ª Região a seus hospitais em Natal, João Pessoa e Recife, determinando que pacientes passassem por um “segundo atendimento”, com a possibilidade de “reconsideração de ato”. Essa etapa seria exercida por um Oficial de Supervisão Administrativa – alguém com patente de capitão ou superior e que, obrigatoriamente, não fosse da área de saúde.

Em denúncia feita ao MPF (Ministério Público Federal) em Pernambuco, um dos profissionais afirmou que havia “coerção dos médicos militares pelo comando da 7ª RM para prescrição de tratamento precoce para Covid e reavaliação de atendimento para indicação forçada de medicação”. Segundo o denunciante, os médicos seriam “praticamente obrigados a prescrever com um capitão vigiando”.

As unidades militares responderam por escrito à provocação do MPF, de forma coordenada, informando que respeitavam a autonomia médica, embora o documento do comando afirmar que as medidas de combate à Covid na área da 7ª RM tinham “como ponto principal o incentivo para o tratamento precoce”.

Com informações do O Globo