Esquerda mostra força em eleições regionais na Itália

A disputa ocorrida nesta segunda-feira (4) e é um ensaio para a disputa nacional no início do próximo ano.

Enrico Letta é líder do Partido Democrata, grande vencedor da disputa italiana

A apuração dos votos nas eleições regionais da Itália aponta uma retomada da centro-esquerda pelo eleitorado do país. As alianças de forças da esquerda conquistaram importantes cidades, como Nápoles, Bologna e Milão, ainda no primeiro turno. Outras duas capitais em disputa, Roma e Turim, terão representantes de centro-esquerda no segundo turno.

O resultado pode ser considerado um sucesso principalmente para o Partido Democrático (PD), sigla tradicional na esquerda italiana, sucedânea do Partido Comunista Italiano, e que nas últimas eleições nacionais não conquistou um bom resultado, perdendo espaço para siglas de extrema direita. Nas regionais, as alianças formadas pelo PD foram protagonistas nas capitais em disputa.

Em Milão, o prefeito Giuseppe Sala, líder de centro-esquerda e também defensor do Partido Verde da Europa, obteve uma vitória decisiva para um segundo mandato com 57,7%dos votos na capital financeira e da indústria da moda da Itália, batendo o candidato apoiado pela Liga de Matteo Salvini, Luca Bernardo.

Em Nápoles, o ex-ministro Gaetano Mandredi obteve 62,9% dos votos sobre Catello Maresca, que obteve 21,9%. Em Bologna, Matteo Lepore conquistou 61,9% dos votos, enquanto o centro-direitista Battistini obteve 29,6%.

Nos dois últimos casos, além do PD e dos demais partidos de centro-esquerda, a coalizão progressista foi acompanhada pelo Movimento Cinco Estrelas, partido anti establishment do ex-premiê Giuseppe Conti, em uma espécie de “aliança teste” que pode ser a chave para enfrentar a extrema direita nas eleições gerais de 2023.

“Você vence onde amplia a coalizão”, disse o líder do Partido Democrata, Enrico Letta, citando as vitórias definitivas da chapa conjunta no primeiro turno em Nápoles e Bologna. Segundo o líder da centro-esquerda, as vitórias no primeiro turno – e as vagas quase certas no segundo turno em Roma e Turim – mostraram que “a centro-direita é derrotável”, completou.

Apesar das vitórias ao lado do PD, o Movimento Cinco Estrelas pode ser considerado um dos grandes derrotados nas eleições regionais. Onde o partido se negou a integrar a coalizão de centro-esquerda – Roma, onde a atual prefeita Virginia Raggi pertence à sigla, e Turim, tradicional reduto dos anti establishment – a legenda ficará de fora da disputa.

Em Turim, Stefano Lo Russo, de centro-esquerda, obteve 43,8% do eleitorado e vai disputar o segundo turno contra Paolo Damilano, candidato de direita apoiado por Liga, Forza Itália e Irmãos de Itália, que obteve 38,9%.

O segundo turno de Roma colocará Enrico Michetti, um comentarista de rádio escolhido por Giorgia Meloni, que lidera o Irmãos de Itália, partido conservador, próximo da extrema direita, que obteve 30,1% dos votos, contra o democrata Roberto Gualtieri, um ex-ministro das Finanças, que obteve 27%.

Apesar das alianças em outras regiões do país, a adesão imediata do M5E não é tão clara em favor da centro-esquerda. Facções de direita e de esquerda de dentro do partido disputam influência na tentativa de direcionar eventuais coalizões.

No cenário nacional, o partido governou uma coalizão apoiada pela Liga, de junho de 2018 a setembro de 2019, período em que Giuseppe Conti era premiê do país. Após a quebra da aliança com a extrema direita, Conti formou um segundo governo, com apoio do PD.

Letta tem tentado convencer o Movimento 5 Estrelas a compor alianças eleitorais com vistas à votação nacional para o Parlamento no início de 2023. Ele está determinado a excluir do próximo governo da Itália as forças de direita que nos últimos anos vêm ganhando popularidade, especialmente nas corridas para governador e especialmente os liderados de Matteo Salvini.

Ao todo, 12 milhões dos 60 milhões de habitantes da Itália podiam votar em 1.000 cidades e vilas em todo o país, mas a participação, de pouco menos de 55%, caiu 7% em comparação com as últimas eleições para prefeito em 2016. O segundo turno acontecerá nos dias 17 e 18 de outubro.

Com informações do Il Manifesto e das agências

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