Estudo mapeia maior risco de covid em gestantes em cidades mais pobres

Mais um estudo que revela necessidade de prioridade de vacinas, testes e condições sanitárias em localidades com mais desigualdades sociais e estruturais.

Vacinação das grávidas e puérperas sem comorbidades Local: São Paulo/SP Data: 07/06/2021 Foto: Governo do Estado de São Paulo

Estudo liderado por pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) mapeou os 50 municípios brasileiros em que há maior risco de gestantes e puérperas serem infectadas com a covid-19. A pesquisa foi publicada na revista The Lancet Regional Health – Americas.

Entre os 50 municípios identificados com alto risco para gestantes e puérperas, a Paraíba tem o maior número de cidades nessa condição (13). Em seguida, estão os estados do Ceará (7), Amazonas (7), São Paulo (7), Rio Grande do Sul (6), Minas Gerais (4), Paraná (3), Mato Grosso (2) e Santa Catarina (1).

Mapa de contágios em mulheres grávidas

De acordo com o estudo, os diagnósticos e mortes maternas por covid-19 ocorreram de forma heterogênea nas regiões brasileiras e se concentraram em municípios do interior do país, explicitando a relação do avanço da contaminação com as condições de vida da população.

“Observamos que aqueles municípios com menos recursos de infraestrutura em saúde e maiores desigualdades socioeconômicas tiveram as maiores taxas de incidência e de mortalidade materna pela covid-19. São aqueles municípios com deficiências na sua estrutura e cobertura de saúde,” destacou o epidemiologista e professor do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde da UFS, Victor Santana Santos, que liderou o trabalho.

Esta pesquisa toca em questões que se assemelham ao levantamento cartográfico do Instituto Pólis, que mostrou que a vacinação contra a covid-19 na cidade de São Paulo deveria priorizar bairros periféricos para otimizar a imunização coletiva, já que nessas regiões estão as populações mais afetadas pela doença. Isso significa que vacinar grupos etários prioritários – como os idosos – em regiões específicas das cidades seria uma estratégia mais eficiente do que uma distribuição que desconsidera a geografia da pandemia.

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O mapeamento dos casos e óbitos provocados pela doença na população obstétrica no Brasil considerou um período de 16 meses, de março de 2020 a junho de 2021. Foram usados dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe do Ministério da Saúde (SIVEP). No período, o país registrou 13.858 casos e 1.396 mortes por covid-19 de mulheres grávidas e em pós-parto.

O estudo também mapeou 15 cidades brasileiras em que há risco elevado de morte materna por covid-19. Quatro destes municípios estão localizados em Minas Gerais. Os outros pertencem aos estados de São Paulo (3), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1), Amazonas (1), Roraima (1), Pernambuco (1), Bahia (1) e Rio Grande do Sul (1).

Mapa de óbitos em mulheres grávidas

“A identificação dessas áreas geográficas poderia ser utilizada para direcionar ações efetivas de testagem de massa, isolamento de casos para mitigar a propagação da doença, bem como a destinação de recursos em saúde necessários para prevenir mortes maternas. Os dados também reforçam que elas constituem um grupo prioritário para receber vacinas contra covid-19,” acrescentou Santos.

Com informações da Agência Brasil

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