Mesmo em quarentena nos EUA, Queiroga pode ser reconvocado à CPI

O ministro da Saúde, que acompanhou o Bolsonaro na comitiva que foi aos Estados Unidos, contraiu a covid-19 e deve permanecer 14 dias naquele país

Marcelo Queiroga depõe na CPI da Covid (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Antes do final dos trabalhos, a CPI da Covid deve ouvir ainda o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre os episódios desastrosos do cancelamento de vacina em adolescentes e ainda a defesa do tratamento precoce feito por Bolsonaro na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.

O ministro da Saúde, que acompanhou o presidente, contraiu a covid-19 e deve permanecer 14 dias em quarenta naquele país. Queiroga também foi bastante criticado pelos senadores após os seus gestos obscenos contra manifestantes anti-bolosnaristas em Nova York.

Apesar da posição do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), que acredita não haver tempo hábil para ouvir o ministro, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que a CPI não pode encerrar os trabalhos antes de ouvi-lo. Da mesma forma, o relator cobrou que seja ouvido o empresário Luciano Hang.

“Nós não podemos encerrar, e olha que eu quero encerrar, eu já estava com o relatório pronto para apresentar nesta quinta-feira, antes de ouvir o ministro Queiroga. E, da mesma forma, presidente, que eu peço seu apoio para nós aprovarmos o requerimento amanhã, peço, portanto, preferência para trazermos aqui o empresário Luciano Hang, pelo papel que ele tem empreendido aí no bastidor desse enfrentamento à pandemia. Nem sempre no bastidor, mas diretamente também”, solicitou Calheiros.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também defendeu a reconvocação do ministro e apresentou requerimento para ser votada nesta quinta-feira (23). “Essa CPI não pode terminar sem ouvi-lo, que ele se recupere para estar aqui”, disse Randolfe ao mostrar que o ministro passou a atacar a vacinação no Instagram.

Vexame

Para o senador Otto Alencar (PSD-BA), os ministros que acompanharam o presidente no encontro da ONU  “não discutiram absolutamente nada” e todos passam por “enorme vexame”.

“Os negacionistas da hidroxicloroquina e da azitromicina estão todos lá nos Estados Unidos em quarentena. São dois infectados, e o papelão que o presidente da República e os seus ministros estão fazendo nos Estados Unidos. Até porque, os ministros que foram não discutiram absolutamente nada, nenhum tema a favor do Brasil, foi um passeio pra levar o coronavírus para os Estados Unidos. Por isso estão lá recolhidos, o que é uma situação vexatória, não é? É um vexame enorme que deram ao presidente da República nessa sua ida à ONU”, criticou Otto.

Depois da tentativa frustrada na semana passada, a CPI da Covid ouve nesta quarta-feira (22) o depoimento diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior.

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