Identificação de ameaças e unidade podem livrar o país do bolsonarismo

A identificação das ameaças, além da união e ação efetiva e coordenada da esquerda são as estratégias que podem tirar o país das garras do Bolsonarismo. A conclusão é fruto do segundo painel de debates do seminário “Guerra Cultural e Luta Ideológica – caminhos para reconstruir a democracia”, que discutiu a Guerra Cultural e a Luta Ideológica no país. O debate contou com a participação do professor João Cezar de Castro Rocha e do ex-prefeito de Maranguape, Marcelo Silva.

A Identificação das ameaças, além da união e ação efetiva e coordenada da esquerda são as estratégias que podem tirar o país das garras do Bolsonarismo. A conclusão é fruto do segundo painel de debates do seminário “Guerra Cultural e Luta Ideológica – caminhos para reconstruir a democracia”, que discutiu, na quarta-feira (1º/9) a Guerra Cultural e a Luta Ideológica no país. O debate contou com a participação do professor João Cezar de Castro Rocha e do ex-prefeito de Maranguape, Marcelo Silva, da Fundação Verde Herbert Daniel. A mediação ficou por conta de Davi Emerich, da Fundação Astrojildo Pereira.

Muito enriquecedor para entender o momento da história e como e porque Bolsonaro conseguiu ganhar a eleição de 2018, os participantes trouxeram luz a muitas dúvidas que se tinha em torno do tema.

João Cezar de Castro Rocha abriu o discurso explicando as origens do Bolsonarismo no Brasil e como o movimento enxerga a sociedade. Segundo ele, o atual governo reduz o mundo a um sistema binário dicotômico em que eu, os meus, os que me são cúmplices e todo o resto são reduzidos a nada, e que podem ser eliminados no passo seguinte. Tudo que não é espelho de mim mesmo e das minhas próprias convicções são inimigos. “A Lei de Segurança Nacional de 1969 é um retrato acabado do governo Bolsonaro, um entulho autoritário, em que a palavra morte aparece 32 vezes, é um culto à morte e o gozo é a dor do outro. Na mesma lei, em 15 artigos prescreve-se a pena de morte para crimes políticos e a pena mínima era a morte em vida, ou seja, a prisão perpétua. É essa lei que é o norte de militares do governo de Bolsonaro, como Mourão, Pazuello, o presidente e outros”, citou.

Ainda em um contexto histórico, o debatedor mostra como os bolsonaristas usam a mesma estratégia da extrema direita na década de 20 e de 30, que na época se apropriou do rádio, da TV e do cinema para alienar e conquistar territórios. Hoje, a extrema direita no país repetiu a dose, se apropriando do universo digital e das redes sociais. É preciso entender que guerra cultural não é um adorno, não é um adendo e, sim, um eixo da ação do bolsonarismo. A forma de estarmos à frente é nos apropriarmos dessas ferramentas que são uma pluralidade de espaços públicos e linguagens próprias e precisamos, nesses espaços públicos, dominar essas linguagens para voltar a estabelecer uma ponte de diálogo com a sociedade”, argumentou Rocha.

Já Marcelo Silva reiterou a necessidade de uma frente única, deixando de lado as diferenças, para que haja de fato uma união coletiva para enfrentar a desastrosa postura que faz mal à humanidade. “Eles são craques em não demonstrar para a população que ela está sendo manipulada, eles sabem fazer isso com muita maestria, as fake news, elas são muito bem usadas”, salientou Silva.

Para ele, utilizar a internet a nosso favor é ponto crucial para vencer o atual governo nas eleições, assim como a necessidade de uma regulação da mídia nacional e criação de canais de comunicação com as massas, tocando em assuntos como racismo, a alta dos preços, como da gasolina e alimentação, e a volta da inflação, e acatar, principalmente, não atacar pessoas e, sim, as ideias.

Ficou claro que a atuação em várias frentes é essencial para mudar esse mecanismo implantado pelo governo que, a cada semana, ‘cria’ um novo inimigo e sugere aos seus seguidores que é preciso combatê-lo, gerando essa tensão de que os inimigos são os outros, não eles.

E Rocha faz um último alerta: “se o Bolsonaro está enfraquecido politicamente, pelos inúmeros problemas na gestão e envolvimento da família e aliados próximos com a corrupção, por outro, ele está muito fortalecido, contando com uma midiosfera própria que oferece desde corrente no WhatsApp até a utilização de TV pública a seu favor, além de manter um sistema integrado de canais de youtube, aplicativos para celular como o ‘Mano’, que produzem conteúdos a partir de teorias falsas, 24 horas por dia, e que mantêm os bolsonaristas em permanente estado de excitação, transformando o cotidiano em um eterno período eleitoral. É nesse clima que vamos seguir até a eleição de 2022.”

Assista na íntegra:

Do Observatório da Democracia

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