Frente ampla: a unidade é a via única para a esperança

Agora, a única via possível para que tenhamos alguma via viabilizada ano que vem é a garantia de eleições livres e democráticas, o que passa pelo #ForaBolsonaroJá!

É tão simples e também é tão difícil, mas vamos respirar, abrir a mente, tentar compreender melhor as coisas e nos agredirmos menos. Não peço concordância, afinal, nenhum democrata sincero pode exigir a concordância do outro, moldar o outro à sua imagem e semelhança. Só quero dizer para os poucos que se disponham a ler as linhas desta modesta reflexão que não há sentido alguém reclamar de supostamente ter sido cobrado por não ter ido a um evento para o qual sequer foi convidado. Quem não convidou, não vi cobrando. Se alguém que foi, cobrou, então será justo reclamar, desde que a reclamação recaia sobre esse alguém em específico.

Também está certo quem não quis ir a um evento para o qual sequer foi convidado, porque não se sentiu à vontade ou porque não considera correto. E, realmente, o mote inicial era horroroso, mas quem foi só o dono da iniciativa e não do evento, haja visto que houve uma pluralidade de adesões na última hora, fez com estas o compromisso de centrar no impeachment e o honrou. A quebra se deu por sabotagem de dois outros grupelhos minoritários, inclusive sob os protestos dos organizadores iniciais do evento. As imagens que circularam e geraram estardalhaço não representaram a imensa maioria dos que foram às ruas no último domingo (7), que foram poucos, mas sinalizaram um rumo que pode significar muito. Mesmo assim, evidenciou que há um problema a ser equacionado e que jamais pode ser tolerado. Destarte, ficou reforçada a legitimidade da decisão de quem foi diretamente ofendido ao não comparecer.

Também não está certo quem reage mobilizando ódio nas redes para atacar quem foi, indistintamente. Quem vai a qualquer lugar onde se reúnam 5, 10, 1.000 ou 1 milhão de pessoas de pensamentos distintos e até opostos, mas que pedem o #ForaBolsonaro, está certíssimo, até porque, os que conheço, lá estiveram para fazer outras pontes, não para dinamitar as já existentes, que, aliás, nos unem há décadas e seguirão nos unindo. Não foram lá para aderir ao que chamam de “terceira via” (eram várias vias lá presentes!). Estamos sob uma tragédia sem precedentes: genocídio, desemprego, fome, miséria e ameaça de golpe neonazista contra as instituições e o próprio processo eleitoral. Somos muitas vias, estradas e vielas, mas precisamos, antes de 2022, de um caminho só que una a grande maioria contra a minoria que nos conduz pelo caminho que dará no abismo.

Cada um que se opõe desde antes ou passou a se opor ao desgoverno Bolsonaro, tem o direito de defender o que entende ser melhor para o país, para si ou para a classe social que representa, menos golpe contra a democracia e genocídio. Todavia, a hora da nação não nos permite colocar acima do maior e mais premente desafio que temos, tampouco com ele misturar, as discussões sobre primeira, segunda ou terceira via para 2022, e isto vale para todos os lados. Agora, a única via possível para que tenhamos alguma via viabilizada ano que vem é a garantia de eleições livres e democráticas, o que passa pelo #ForaBolsonaroJá! Ou correremos o risco de nos mergulharem numa longa noite de terror, com a imposição do regime da força no lugar da ordem democrática que a Constituição Federal de 1988 estabeleceu, substituindo definitivamente a longa noite anterior, que começou anunciando curta duração e acabou durando 21 anos.

Não subestimemos a ameaça representada pelas hordas de chacais orientadas pela facção neofascista do Partido Republicano dos EUA e pelo Mossad nazi-sionista, bancadas por frações as mais retrógradas das classes dominantes, como o latifúndio reacionário, parte do agronegócio que comercializa seus produtos “in natura” e uma escumalha empresarial, como os donos da Havan e da Gazin, sem esquecer dos donos de transportadoras e outros setores. Não subestimemos forças compostas por setores da classe média alta urbana, médios e até pequenos empresários, milhões de fundamentalistas, legiões de negacionistas atiçados pelo ódio e pelo medo de fantasmas, parte da força regular armada e por milícias privadas. Forças que têm o controle do centro do poder da República, sob a liderança de massa de um protótipo de Hitler que, mesmo matando 600 mil brasileiros, desempregando milhões, inserindo milhões no mapa da fome, da miséria e da pobreza, ainda (ainda!) mantém o apoio de 25% a 30% da sociedade e ainda (ainda!) tem apoio parlamentar suficiente para permanecer na cadeira presidencial.

O monstro está atordoado, acuado e enfraquecido como nunca esteve desde sua posse. É uma besta-fera ferida, mas bem longe de estar morta. É certo e isento de riscos dar-lhe sobrevida, permitindo que tenha mais tempo e, assim, a chance de recobrar forças? Só uma frente ampla até doer, com paciência e estômago para suportar passar umas horas nas ruas e nos salões com gente que jamais imaginaríamos, pode nos livrar do mal.

Desde 2013 e 2015/2016, as sombras e tempestades só aumentam. Não houve mais tempo bom. Por dificuldades de todos os lados, da própria dinâmica da realidade objetiva, não era fácil falar em unidade ampla ou em diálogo entre adversários recentes. No entanto, a conjuntura mudou. A realidade é outra e, embora permaneça cheia de perigos, abre janelas e pode abrir avenidas à esperança. Desfazer a carranca não é fácil, mas tem razão quem insiste em abrir o sorriso e desarmar o espírito. Não se trata de capricho intelectual e político, tampouco de se diluir ideológica e programaticamente, de um aderir ao outro. É por algo maior que unifica uma grande diversidade, cada qual por seus motivos e interesses para depois, nobres ou não. Nós, da esquerda, também temos os nossos e alguém acha que deles abriremos mão? Por isso que cabe a nós, as forças progressistas, sociais, intelectuais e partidárias, também plurais, disposição maior a gestos de grandeza política, cívica e patriótica. Senão setores opostos a nós se repactuarão ou serão engolidos pelo neofascismo. A história não se repete, mas ensina.

Para salvar nossa parca, porém tão preciosa democracia – arrancada sob dor, tortura, exílio e sangue derramado; com passeatas, guerrilhas e jornadas amplíssimas, inclusive com golpistas dissidentes, tem uma saída constitucional, democrática, política, jurídica e institucional: #ImpeachmentJÁ E vamos virar esta página sobre o dia 12 de Setembro, porque já perdemos mais do que devíamos tempo e energia com isso, preciosos para construir um 02 de outubro mais plural e massivo, forte e gigante, rumo à derrubado do mensageiro da morte e da barbárie.

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