Manifestações do domingo (12) unem diferentes forças contra Bolsonaro

A mobilização deste domingo marca uma ampliação da campanha Fora Bolsonaro que pode levar a grandes manifestações unitárias.

O deputado Orlando Silva representou o PCdoB na manifestação de São Paulo

Marcadas mais pela união entre setores divergentes politicamente do que pela presença expressiva, as manifestações contra Bolsonaro realizadas em pelo menos 13 capitais apontam a possibilidade de uma ampla unidade de forças empenhadas em por fim ao desgoverno que o Brasil vive há 32 meses. Os atos, organizados pelos grupos de direita liberal Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua e Livres, contaram com a presença de lideranças partidárias e sociais representando um amplo espectro político.

Em São Paulo, onde ocorreu o principal ato, compareceram os ex-ministros Ciro Gomes e Luiz Henrique Mandetta (DEM), os senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Alessandro Vieira (Cidadania (ES), o governador paulista João Dória os deputados federais Orlando Silva (PCdoB-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP), Tabata Amaral (sem partido-SP), Joice Hasselmann (PSL-SP), e Marcelo Ramos (PL-AM), os deputados estaduais Isa Penna (PSOL-SP) e Arthur do Val (Patriota-SP) e o ex- presidenciável do Novo, João Amoedo. As presidentes da UNE, Bruna Brelaz, e da ANPG, Flávia Calé, representaram o movimento estudantil. Além delas, representantes de cinco centrais sindicais também comparecem ao ato na Avenida Paulista.   

O deputado Orlando Silva sintetizou bem o caráter da manifestação ao afirmar que “não importa se minha opinião sobre economia, privatização é diferente de quem está aqui, o importa é que eu e que todos aqui defendem a democracia”, disse, sendo aplaudido pelo público que repetia: “democracia”, “democracia”, “democracia”. Para Orlando, os atos do dia 7 de setembro e do dia 12 são diferentes, mas que têm algo incomum que é a defesa de democracia. “Nós estamos aqui pelo direito a diversidade, a pluralidade de todas as opiniões. Estou muito feliz de estar na Paulista com tanta gente nova”.

Dirigindo-se aos que ainda não estão convencidos da necessidade de uma ampla frente contra Bolsonaro, Ciro Gomes afirmou: “Para fazer o impeachment e proteger a democracia brasileira temos que juntar todo mundo. Ainda há tempo para o PT amadurecer. Quem for democrata tem que entender que o impeachment é a a única saída. Precisamos fazer um acordo com a direita e um centro democrático”.

O governador de São Paulo João Doria (PSDB) participou pela primeira vez de uma manifestação contra Bolsonaro e admitiu a possibilidade de fazer uma ponte com o PT. “Temos que estar junto para formar uma grande frente democrática. Pela defesa da liberdade, dos valores, da constituição e da comida no braço e vacina no prato”, afirmou Doria.

A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz afirmou que “defender a democracia é nossa pauta central, sem democracia é impossível pensar em uma agenda que melhore a vida do povo que sofre hoje com a política nefasta de Bolsonaro.”

Bruna Brelaz, presidente da UNE l Foto: Karla Boughoff

Bruna contou que esteve nas ruas neste domingo e encontrou com diversos “adversários políticos, pessoas com quem tenho profundas diferenças. Também encontrei muitos jovens que acreditaram em Bolsonaro e hoje estão sem rumo. É preciso disputar essa parcela da sociedade para colocar o país no rumo do desenvolvimento novamente”. A presidenta da UNE enfatizou a “defesa intransigente da educação pública, da ciência e a defesa da democracia. E vi hoje a possibilidade real para convocar mais setores para uma grande mobilização que tenha o Fora Bolsonaro como pauta única”.

Flávia Calé, presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) destacou a participação das entidades estudantis como nas manifestações deste domingo (12). Segundo ela, “as representantes das entidades estudantis vão participar de todos os atos pelo impeachment e pelo Fora Bolsonaro, porque representamos todos estudantes independente de colocação ideológica e nossa participação representa não só um sinal para todos que vieram aqui, mas com os que não estiveram aqui também, explicou. Porque nós precisamos construir as pontes com brasileiros e brasileiras para defender a democracia que está ameaçada no Brasil. Bolsonaro tentou dar um golpe no 7 de setembro, mas não conseguiu”.

Adilson Araújo, presidente da CTB, afirmou que o movimento em defesa da democracia e dos direitos exige mais amplitude a cada dia. “Precisamos de algo muito maior para imprimir uma derrota ao desgoverno Bolsonaro. Depois do dia 12, teremos também o dia 18, uma iniciativa do Fórum Direitos Já”, disse o sindicalista. “Penso que tudo isso reforça o sentimento que, com Bolsonaro, não dá mais”, completou Adilson.

Manifestações nos estados

No Rio, os manifestantes ocuparam um quarteirão da Avenida Atlântica, em Copacabana.  De cima do carro de som, os organizadores do MBL ressaltaram que todos são bem-vindos, independente da ideologia política ou candidato. “A pauta é única, fora Bolsonaro. O mote hoje é respeitar as opiniões, e claro que a opinião central é essa”, discursou Cadu Moraes, coordenador do MBL no Rio de Janeiro.

Um grupo de manifestantes carregava a bandeira do PCdoB. Leonardo Guimarães, estudante de 29 anos e secretário de movimentos sociais do partido, contou que a decisão de participar do ato ocorreu após o 7 de setembro. “Entendemos que deveríamos participar para unir os setores e aprovar o impeachment que hoje é necessário. E para isso somente a esquerda não é suficiente”, afirmou.

Brasília reuniu diferentes forças políticas

Em Brasília, um grupo de cerca de mil pessoas que inclui desde militantes do PCdoB a grupos liberais como MBL e Livres também se juntou para se manifestar contra o governo Bolsonaro. Os manifestantes se concentraram na Esplanada dos Ministérios.  A pedido das lideranças, a maioria dos participantes foi ao ato usando a cor branca. Nos discursos, realizados de um trio elétrico, os representantes dos movimentos também valorizaram a união de diversos grupos apesar das divergências ideológicas e pediram o impeachment do presidente Bolsonaro.

Alguns manifestantes levaram faixas em que cobravam punição à família Bolsonaro pelos escândalos de corrupção em que estão envolvidos e defendendo os ministros do Supremo Tribunal Federal, que foram atacados repetidamente pelo presidente nas últimas semanas. Em uma delas, havia os dizeres “Quem tem medo da Justiça é bandido”. Outras faixas cobravam outros aliados de Bolsonaro, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é o responsável pela abertura ou não de um processo de impeachment.

Na capital pernambucana, o ato começou às 13h, no Marco Zero. Ao menos 11 movimentos políticos participaram da manifestação. O grupo entoava o grito “se o povo se unir, Bolsonaro vai cair”. Os manifestantes também fizeram alertas pelas mortes por Covid-19 no Brasil.

No Nordeste, houve protesto também em João Pessoa. Um grupo de manifestantes se reuniu na orla de Tambaú. Num carro de som, lideranças pediram impeachment do presidente e fizeram discursos contra a corrupção. Em Fortaleza, o ato começou por volta de 15h30. O protesto foi  realizado na Praça Portugal, no bairro Aldeota. Também vestidos de branco, os manifestantes exibiam faixas e gritam “fora Bolsonaro”.

Em Florianópolis, os participantes cantaram o hino nacional, criticaram o desemprego, a inflação, lembraram as mortes causadas pela Covid-19 e também pediram a saída do presidente Bolsonaro do poder.

Em Curitiba, o ato começou à tarde e foi convocado pelo partido Novo, com o apoio das legendas PDT, PSDB e PCdoB. A maioria dos manifestantes vestia camisetas brancas e estendeu faixas pedindo o impeachment de Bolsonaro e o combate à pandemia da Covid-19. O encontro foi realizado na Rua XV de Novembro, no Centro da capital.

Já em Goiânia, um grupo se reuniu em frente à sede da Polícia Federal e interditou os dois sentidos da Alameda Coronel Eugênio Jardim, no Setor Bela Vista. No Espírito Santo, a manifestação começou às 9h30 na Praça do Papa, em Vitória. Os manifestantes saíram em carreata até Vila Velha, por volta das 10h20.

Em Belo Horizonte, o encontro foi na Praça da Liberdade durante o período da manhã. Além de pedir a saída de Bolsonaro, o grupo também defendeu uma “terceira via” na eleição de 2022. A Polícia Militar acompanhou o ato e nenhuma ocorrência foi registrada.

Em Belém, a manifestação foi realizada no bairro Reduto, centro da cidade. A adesão não foi expressiva, mas o grupo presente estendeu faixas e bandeiras pedindo o impeachment do presidente.

Com informações de O Globo e do Portal PCdoB

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