CPI pede prisão preventiva e apreensão de passaporte de Marconny Faria

A Polícia Legislativa está procurando o advogado para fazer sua condução sob vara, quando não se comparece para depor na CPI. Marconny chegou a apresentar um atestado para não comparecer

(Foto: Pedro França/Agência Senado)

Os senadores da CPI da Covid aprovaram o pedido de prisão preventiva contra o lobista Marconny Faria que faltou ao depoimento desta quinta-feira (2). Além disso, o colegiado solicitou a apreensão do passaporte para evitar que ele fuja do Brasil. As solicitações foram encaminhas à Justiça de primeira instância.

A Polícia Legislativa está procurando o advogado para fazer sua condução sob vara, quando não se comparece para depor na CPI. Marconny chegou a apresentar um atestado para não comparecer. Mas na quarta-feira (1), de acordo com o presidente Omar Aziz (PSD-AM), o médico que o atendeu entrou em contato para informar ter desconfiado de que o paciente estivesse mentindo. Diante disso, o profissional de saúde iria avaliar com o departamento jurídico do Hospital Sírio-Libanês a possibilidade de cancelar o atestado. 

“O Marconny  pode ter ido lá pedir um atestado sem citar a CPI. O médico disse que forneceu 20 dias só para fins laborais. Não quero aqui julgar o médico, mas um trabalhador comum pode estar morrendo que nunca vai ter 20 dias de folga. Queremos saber do doutor em que exame ele se baseou para dar 20 dias de folga para o cara. Espero que tenhamos uma resposta”, afirmou Aziz.

“Senhor dos lobbies”

O vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que, desde quarta-feira (1º), a Polícia do Senado está à procura da testemunha e já estava determinada a escolta policial para que ela comparecesse ao Senado. 

Randolfe e outros senadores da CPI apontam Marconny não só como lobista da Precisa Medicamentos, empresa que atuou como intermediária no contrato da vacina indiana Covaxin, mas de outros negócios irregulares no Ministério da Saúde. 

“Marconny não é o senhor do lobby da Precisa Medicamentos. Ele é o senhor de todos os lobbies. É dele a arquitetura ideal de como burlar um processo licitatório. Esse é o senhor de todos o lobista, tem relação com o filho do presidente (Jair Renan) e advogada dele (Karina Kufa). Estamos entrando em mais uma fase, a fase da investigação dos lobbys”, disse o relator. O lobista, por exemplo, teria ajudado Jair Renan a abrir sua empresa de eventos.

Para o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), Marconny tinha ligação “com todas as vertentes dessa roubalheira toda”. Segundo ele, a CPI cumpriu papel fundamental de investigação de uma quadrilha que tomava conta do Ministério da Saúde há anos, também em outros governos. 

“Eles não têm mais o que dizer. Diante do volume de informações que esta comissão tem, entraram na fase do cinismo e estão preferindo sumir, correr, se internar em hospital; mas vamos continuar esclarecendo tudo. Ele era operador da Precisa, mas não só. Desde junho de 2020 que setores da PF e do MP sabem do papel do Marconny e isso foi ocultado. Eles continuaram e, por isso, deu no que deu: nesse morticínio e nessa crise política”, afirmou o relator.

Depoimento

A CPI retomou suas atividades com o depoimento do ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo. Ele não fez o juramento de dizer a verdade ao responder todos os questionamentos e disse que vai seguir os limites do habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-secretário foi afastado do cargo após acusação de chefiar suposto esquema de superfaturamento de testes para Covid-19 e corrupção em contratos da Saúde no governo de Ibaneis Rocha (MDB).

Com informações da Agência Senado

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