Opção de Bolsonaro por fuzil em vez de feijão simboliza crueldade diária do governo

Presidente ironiza quem se opõe às armas, prefere políticas que reduzam o preço dos alimentos, e diz que ‘tem que todo mundo comprar fuzil’

Bolsonaro faz motociata eleitoral em Goiânia, enquanto população discute como garantir feijão na mesa

No momento em que o governo federal enfrenta crises institucional, sanitária e econômica, o presidente Jair Bolsonaro dedicou a agenda desta sexta-feira (27) a um evento militar, estimulou a população a se armar e participou de nova motociata —a primeira feita em dia de semana.

Declaração de que os brasileiras são idiotas ao preferir feijão em vez de fuzil gerou reações de que a fala foi simbólica do tipo de governo que o Brasil mantém. Foi o caso da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Segundo ela, incentivando a compra de fuzil, ironizando quem não pode comprar feijão, “é a cena mais simbólica da crueldade desse Governo que você irá ver hoje”. “Infelizmente amanhã tem mais”, lamenta a deputada numa percepção aguçada do destino do país.

Logo pela manhã, o presidente defendeu a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada que todos tenham um fuzil. “Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado”, disse. Este é um bordão desde a eleição, quando o deputado de extrema direita defendia que as elites e proprietários precisam defender ser patrimônio privado a ferro e fogo, como se houvesse o risco de uma revolução popular.

Bolsonaro ainda ironizou quem se opõe à disseminação das armas. “Eu sei que custa caro. Daí tem um idiota que diz ‘ah, tem que comprar feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, declarou, antes de embarcar para Goiânia.

Bolsonaro tem feito declarações golpistas e sugerido que as eleições de 2022 podem não ocorrer caso seja mantido o sistema de votação com as urnas eletrônicas —a PEC do voto impresso foi derrotada na Câmara. Mas o que chama mais a atenção é o descaso com a insegurança alimentar de um percentual da população brasileira que se aproxima da metade.

A escalada do discurso autoritário provocou desgaste institucional e ocorre também em meio às crises sanitária da covid -19 (que, apesar da redução de mortes e casos, ainda preocupa especialistas devido ao avanço da variante Delta) e econômica (com temor de crescimento medíocre e inflação em alta).

 A escalada do discurso autoritário provocou desgaste institucional e ocorre também em meio às crises sanitária da Covid -19 (que, apesar da redução de mortes e casos, ainda preocupa especialistas devido ao avanço da variante Delta) e econômica (com temor de crescimento medíocre e inflação em altMais tarde, na capital goiana, o presidente disse que o Alto-Comando do Exército está “dedicado e preocupado” com o “futuro da pátria”. Bolsonaro não explicou quais seriam as preocupações, mas afirmou que o Brasil vive momentos “não muito tranuilos”.O presidente participou em Goiânia da passagem de chefia do Comandante de Operações Especiais do ExérciEm Goiânia, Jair Bolsonaro participou de evento para a passagem de chefia do Comandante de Operações Especiais do Exército – Alan Santos – 27.ago.21O Alto-Comando é formado pelo comandante do Exército, Paulo Sérgio de Oliveira, e pelos Em outro trecho do discurso, ele disse que o soldado brasileiro sempre esteve presente nos “momentos mais difíceis”. “O que está acima de tudo é o destino da nossa nação.”

Além de ministros do governo e militares, acompanhou a cerimônia o ex-ministro da Saúde e atual secretário de Estudos Estratégicos da Presidência, o general Eduardo Pazuello.

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