Empresário diz que líder de Bolsonaro ajudou no encontro com ministro

Emanuel Catori admite que foi levado pelo líder de Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros, para uma reunião com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Na ocasião, a empresa já tinha uma carta de confidencialidade com o laboratório chinês CanSino na negociação com o ministério para o fornecimento de 60 milhões de doses da vacina Convidencia ao custo de R$ 5 bilhões

Em destaque, sócio da farmacêutica Belcher, Emanuel Catori (direita) chega ao Senado Federal para o início do depoimento (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O sócio da farmacêutica Belcher Emanuel Catori esclareceu nesta quarta-feira (24), na CPI da Covid, que foi levado pelo líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), para uma reunião com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no dia 15 de abril deste ano.

Na ocasião, a empresa já tinha uma carta de confidencialidade e de representação para atuar como intermediária do laboratório chinês CanSino na negociação com o ministério para o fornecimento de 60 milhões de doses da vacina Convidencia ao custo de R$ 5 bilhões.

Diante dos fatos, o depoente não teve como negar a “facilitação política” por meio do líder do governo. Orientado pelo advogado, ele chegou a dizer que não foi levado por Barros para a reunião, mas pressionado pelo, acabou admitindo. Também disse que não tratou sobre o assunto vacina.

“É mesma repetição do modus operandi”, disse o relator Renan Calheiros (MDB-AL), para quem enquanto o governo recusava vacinas da Pfizer, Butantan e da Organização Mundial da Saúde (OMS) facilitava negociação por intermediários.

“Seu depoimento começa muito mal com obvias contradições”, disse o relator, que não viu prosperar o negócio pela falta de compliance da empresa brasileira que foi descredenciada pelo laboratório chinês.

A Belcher tem sede em Maringá (PR), reduto eleitoral do líder do governo na Câmara. Outro sócio da Belcher é Daniel Moleirinho Feio Ribeiro, que é filho de Francisco Feio Ribeiro Filho, ex-diretor da Urbamar (Urbanização de Maringá) durante a gestão de Barros. Daniel Moleirinho também atuou na Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) durante o governo de Cida Borghetti (PP), casada com Barros. 

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