Morre o médico sanitarista José Alberto Hermógenes, vítima da Covid-19

José Alberto Hermógenes de Souza, faleceu aos 76 anos, neste domingo (22), em Salvador, por complicações da Covid-19. O médico […]

José Alberto Hermógenes é um dos criadores do SUS

José Alberto Hermógenes de Souza, faleceu aos 76 anos, neste domingo (22), em Salvador, por complicações da Covid-19. O médico sanitarista já havia sido vacinado, mas, por ser portador de morbidades, teve seu quadro agravado e faleceu após dois meses de internação. Hermógenes foi um dos principais articuladores da Reforma Sanitária brasileira, tendo participado ativamente da discussão, concepção, criação e implementação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, em 1968, onde foi ativo militante do movimento estudantil. Após a graduação, ingressou na Fundação SESP (Serviço Social de Saúde Pública), tendo exercido diversas funções e trabalhado nos mais diversos municípios da Bahia, oportunidades em que teve contato direto com a realidade social brasileira.

Na década de 1970, o médico foi diretor do Centro de Treinamento da Secretaria de Saúde da Bahia, assumindo o cargo de Secretário de maio de 1978 a março de 1979 no governo de Roberto Santos. No início dos anos 1980 transferiu-se para Brasília e, atuando no Ministério da Saúde, participou das discussões preparatórias da 7ª Conferência Nacional de Saúde.

Em 1985, presidiu a Fundação SESP e, em seguida, ocupou a  Secretaria Geral do Ministério da Saúde quando teve atuação fundamental na organização da 8ª Conferência Nacional de Saúde. Após a Conferência foi Coordenador da Comissão Nacional da Reforma Sanitária e, junto com os médicos Sérgio Arouca, Arlindo Fábio e Hésio Cordeiro, entre outros, contribuiu, durante a Assembleia Nacional Constituinte, na elaboração do capítulo da Seguridade Social da Constituição Federal.

De volta à Bahia, integrou o Conselho Regional de Medicina e assumiu a presidência da Bahiafarma – empresa de medicamentos do governo da Bahia. No início da década de 1990 voltou à Brasília para assumir a Secretaria Geral do Ministério da Saúde na gestão de Jamil Haddad. Na ocasião, Hermógenes se destacou na construção da política dos medicamentos genéricos, implantada pela lei 9.787, de 1999. Retornou ao Ministério em 2003 para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, onde permaneceu até 2004. 

Hermógenes teve intensa a militância política iniciada ainda na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, atuando na Ação Popular (AP), organização política oriunda da Juventude Universitária Católica (JUC). Posteriormente, filiou-se ao PCdoB, onde permaneceu filaido por toda a vida.

Em nota, a direção estadual do PCdoB-BA prestou solidariedade à família e aos amigos de Hermógenes e enalteceu o legado do “profissional e militante dedicado à construção de um sistema de saúde baseado nos princípios da universalidade, integralidade e equidade”.

Para a Associação Brasileira de Saúde Comunitária (Abrasco) “em diálogo com sindicatos da categoria médica e organizações do movimento sanitário, Hermógenes foi um dos grandes articuladores das novas ideias que vislumbravam a superação do modelo de assistência previdenciário para um sistema universal, marcado pela ciência, pelo conhecimento das necessidades dos cidadãos e da cidadania, então debatido nas universidades e movimentos sociais, fazendo tais ideais circularem pela burocracia de Brasília”.

Em setembro de 2020 Hermógenes recebeu de Julieta Palmeira sua carteira atualizada de militante do PCdoB l Foto: Arquivo de Julieta Palmeira

Julieta Palmeira, secretária de estado de Políticas para Mulheres da Bahia, divulgou em suas redes sociais a trajetória do médico e afirmou que Hermógenes é “mais um admirável que se vai em decorrência da Covid-19”. A secretária se disse orgulhosa em ter assumido a presidência da Bahiafarma, função exercida por Hermógenes e ter contribuído para reconstruir o laboratório público de medicamentos da Bahia defendido pelo médico.  E finalizou: “Viva Zé Hermógenes!”

Com informações da Abrasco e do PCdoB-BA

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