Líder do governo Bolsonaro passa a ser investigado pela CPI da Covid

O relator Renan Calheiros disse que é preciso investigar com mais profundidade as relações políticas e empresárias de Ricardo Barros com Francisco Emerson Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, e do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias

Líder do governo Ricardo Barros depõe na CPI (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou nesta quarta-feira (18) que o líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), foi incluído na lista dos investigados da comissão. De acordo com o relator, é preciso investigar com mais profundidade as relações políticas e empresárias de Barros com Francisco Emerson Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, e do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias.

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o seu irmão Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, disseram à CPI que levaram as denúncias de irregularidades no contrato da compra da vacina Covaxin a Bolsonaro que prometeu encaminhar um pedido de investigação ao delegado-geral da Polícia Federal (PF). No encontro no dia 20 de março, no Palácio da Alvorada, o presidente teria dito que o “rolo era coisa do Ricardo Barros.”

O contrato de R$ 1,6 bilhão para aquisição de 20 milhões de doses da vacina da farmacêutica indiana Bharat Biotech foi intermediado pela Precisa Medicamentos. O dono da empresa também é acionista da Global que deu um calote de R$ 20 milhões na entrega de medicamentos raros ao Ministério da Saúde na gestão de Ricardo Barros.

Demitido do ministério após denúncia de ter pedido propina de US$ 1 dólar por vacina, Roberto Dias é considerado um braço político do líder do governo. Ele foi servidor do governo do Paraná na gestão de Cida Borghetti (PP), mulher de Barros.  

“É necessário apurar de maneira aprofundada os atos do líder do governo Bolsonaro, suas relações e ligações políticas e empresariais, bem como a ausência de atitudes corretivas especialmente nas negociações e possíveis associações com servidores civis, militares do Ministério da Saúde investigados por esta CPI, sem falar em suas ocasionais conexões com Roberto Ferreira Dias e com os sócios das empresas de Francisco Emerson Maximiano, onde se incluem, entre dezenas de outras, a Global e a Precisa”, afirmou.

O relator disse que vai mirar nas irregularidades nas negociações da vacina Covaxin com a Precisa Medicamentos, Belcher e representantes de outras farmacêuticas. “Tornam a situação carecedora de apuração aprofundada sobre o aspecto cível, criminal e administrativo, vez que, em princípio, não se justifica a temeridade do risco assumido pelo Ministério da Saúde com essas contratações, a não ser para atender a interesses dissociados do interesse público”, disse.

Autor