Bolsonaristas minimizam ameaça militar e recebem forte reação na CPI

O presidente da comissão, Omar Aziz, advertiu que Bolsonaro não tem o direito de ameaçar a democracia com desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios

O ex-presidente da CPI,Omar Aziz (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Diante do discurso do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), contra a atitude de Bolsonaro de comandar uma exibição de blindados da Marinha na Esplanada dos Ministérios nesta terça-feira (10), no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados votará a PEC do Voto Impresso, senadores bolsonaristas na CPI da Covid tentaram minimizar o desfile militar e sofreram dura reação dos seus colegas.

Por meio de uma nota lida na sessão da comissão, Aziz disse que o presidente não tem direito de usar a máquina pública para ameaçar a própria democracia que o elegeu. “Não haverá voto impresso, não haverá nenhum tipo de golpe contra nossa democracia, as instituições, como o Congresso à frente, não deixarão que isso aconteça”, advertiu o presidente da CPI.

O senador Marcos Rogério (DEM-RO), vice-líder do governo Bolsonaro, disse que as Forças Armadas não agem por improviso. “Obviamente que esse desfile, essa manifestação já estava preparada. E nada mais natural. Forças Armadas em desfile não me assustam e nem me constrangem”, argumentou.

Puxa-sacos

Em resposta ao bolsonarista, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) mandou um aviso aos parlamentares que se “banqueteiam nas mesas do poder ou se encantam com os agrados das redes sociais e dos robôs militantes e gestos autoritários do governo”.

“O alerta é porque a caminhada de todo governo autoritário acaba cortando as cabeças, em primeiro lugar, dessa turma dos puxa-sacos, daqueles que tentam usar projetos autoritários para chegar a um poder ao qual não chegam pela sua competência e pela sua capacidade. Esse é um alerta, porque o Brasil já passou por isso”, advertiu Vieira.

Outro senador bolsonarista Jorginho Mello (PL-SC) afirmou que se trata de um desfile programado. “Agora estão dizendo que isso é assombra, que isso é um perigo para a democracia. Perigo para a democracia é meter a mão no baleiro, é roubar, como muita gente está acostumada neste Brasil”, disse.

“Senador Jorginho, a história se repete e eu acho que Vossa Excelência tem idade para saber da história do Brasil para não brincar com certas coisas. Alguns parlamentares aqui são novos, não têm obrigação de ter vivido isso, mas têm a obrigação de conhecer a história”, repreendeu Omar Aziz.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) diz querer acreditar na lealdade das Forças Armadas do país não a qualquer inquilino de plantão, mas ao povo. “A resposta tem que vir ao final do dia de hoje, rejeitando essa balela de voto impresso, em que nenhum brasileiro está interessado”, apostou.

O senador Humberto Costa (PT-PE), afirmou que o presidente, ao invés de trabalhar, passa 24 horas por dia gerando conflitos, fazendo campanha eleitoral antecipada e gastando dinheiro público. “É verdade que essa operação acontece há muitos anos, mas nenhuma vez tivemos a passagem de tanques, de lança foguetes, pela frente do Congresso e do Supremo. Ninguém tem o direito de ganhar no grito, ninguém tem o direito de intimidar o parlamento brasileiro por conta de uma posição política”, criticou.

“Quero dizer que não é só dessa vez em que o presidente da república busca pelos métodos de usar o dele, como ele chama, o seu exército ou suas forças armadas para intimidar o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, os outros poderes e não tem conseguido. Em uma afronta que eu digo clara à Constituição Federal no seu artigo 5º e também a legislação que garante a democracia dos poderes”, disse o senador Otto Alencar (PSD-BA).

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