Pequenos negócios respondem por 72% dos empregos gerados no país

Em 12 meses, foram mais de duas mil vagas, diz o Sebrae. Apesar disso, pequenas empresas recebem pouquíssimo estímulo do governo para crescer.

O comércio popular durante a pandemia afetou a geração de empregos Tânia Rêgo /Agência Brasil

Os pequenos negócios apresentaram um saldo positivo de 2.094.812 empregos com carteira assinada, o que significa 71,8% das vagas criadas no país. Número quase três vezes superior ao das médias e grandes que contrataram, entre julho de 2020 e julho de 2021, 717.029 trabalhadores.

O cálculo faz parte do levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.

Apenas em junho de 2021, as micro e pequenas empresas (MPE) apresentaram 871.197 admissões contra 654.801 desligamentos, resultando em um saldo positivo de 216.396 empregos gerados. Esse montante equivale a 70% do total de empregos no território nacional. Já as médias e grandes empresas (MGE) fizeram 663.993 admissões contra 596.048 desligamentos, com saldo positivo de 67.945 empregos, o que equivale a 21,9% do total gerado no país.

Ainda de acordo com Sebrae, o segmento de serviços, um dos mais afetados pela pandemia de covid-19, foi o que mais gerou empregos. Em junho, essas empresas criaram 87,2 mil novas vagas, seguidas pelas do comércio com 63,2 mil, indústria da transformação com 30,9 mil, construção civil com 26,4 mil e agropecuária com 5,9 mil. Todos os setores das MPE apresentaram resultado positivo, diferentemente do que ocorreu nas MGE, que fecharam cerca de 6 mil vagas na construção civil.

Ajuda do governo

O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) foi uma política insuficiente para atacar os efeitos da pandemia nas pequenas empresas e seus empregos. Hoje, ele conta com uma projeção de cerca de R$ 5 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos para empréstimos a pequenas empresas, mas é difícil de ser acessado pelos empresários.

A maior parte do acesso se dá por meio de bancos públicos, já que os bancos privados consideram os juros pouco lucrativos e só emprestam se o governo garantir o pagamento. O Pronampe de 2021 se difere do ano passado, que atendeu cerca de 500 mil empresários, por ter juros mais altos e liberar a avaliação de risco que barra a maior parte das empresas. Com o novo programa, o governo só favorece os bancos.

A garantia de pagamento pelo governo só atende 300 mil empresas do universo de 8 milhões.

Entre as poucas boas políticas de estímulo, havia o cartão do BNDES que oferecia financiamento barato, mas não tinha capilaridade pela falta de agências do banco e acabou morrendo por falta de interesse dos bancos privados.

O que fazer

Especialistas dizem que o governo deveria estimular a formulação de consórcios de pequenas empresas para exportação, com benefícios fiscais, para enfrentar grandes grupos internacionais, como ocorre com países europeus. Isso aumentaria a participação desse setor na balança comercial.

Outra medida sugerida é a prioridade a pequenas empresas dada por meio de diversas políticas, em vez dos grandes grupos. Isso pode vir como proibição de grandes grupos e redes de franquias atuarem em certas áreas urbanas, priorizando empresas familiares, compras públicas feitas na agricultura familiar ou microempresas e licitações que as priorizem. Essas são medidas comuns em países como Itália, França e Reino Unido, que tornam as pequenas empresas o principal alavancador do PIB e da balança comercial.

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Com informações da Agência Brasil

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