AstraZeneca e Sputnik V apresentam resultados de primeiro coquetel

Primeiro estudo mundial da combinação da vacina ‘AstraZeneca’ com o primeiro componente da vacina ‘Sputnik V’ (Sputnik Light) demonstra a ausência de efeitos colaterais graves e casos da doença após a vacinação contra o coronavírus no Azerbaijão

AstraZeneca e Sputnik V foram primeiras vacinas a estabelecer parceira combinatória para reforçar imunização

Foram divulgados os primeiros resultados obtidos no quesito segurança no primeiro estudo clínico mundial de uso combinado de vacinas. A parceria entre “AstraZeneca” (desenvolvido em conjunto com a Universidade de Oxford) e o primeiro componente da vacina de coronavírus “Sputnik V” (a Sputnik Light, com base no adenovírus humano sorotipo 26) apresentou altos índices de segurança entre vacinados no Azerbaijão.

A abordagem de reforço heterogênea (um “coquetel de vacina” usando o adenovírus humano sorotipo 26 como o primeiro componente e o sorotipo 5 como o segundo componente) forma a base da “Sputnik V”. Levando em consideração o sucesso dessa abordagem para garantir imunidade estável e de longo prazo contra a nova infecção por coronavírus, o RDIF (fundo russo para a vacina) foi a primeira instituição no mundo a iniciar parcerias com outros fabricantes de vacinas e conduzir pesquisas conjuntas sobre a combinação do primeiro componente da “Sputnik V com drogas estrangeiras.

A primeira parceria foi concluída em dezembro de 2020, quando o RDIF, o Centro Gamaleia (laboratório russo), a R-Pharm Group of Companies e a AstraZeneca (laboratório britânico) assinaram um memorando de cooperação no desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus. O ensaio clínico da combinação de vacinas está sendo realizado dentro de um programa global em vários países ao mesmo tempo. Os voluntários estão sendo vacinados nos Emirados Árabes Unidos, e a aprovação regulatória foi obtida para conduzir pesquisas na Rússia e em Belarus.

A AstraZeneca considera o regime de administração de componentes de diferentes vacinas a um paciente “promissor para estudo”, especialmente com a disseminação de novas cepas do coronavírus e começa a revacinação em alguns países.

“O prime-boost heterólogo, no qual componentes de diferentes vacinas são administrados a um paciente, é um dos regimes de vacinação mais promissores para estudo. Torna-se especialmente relevante agora, quando a questão da prevenção da disseminação de novas cepas da infecção por coronavírus é aguda, e a necessidade de revacinação da população também está amadurecendo”, declarou Irina Panarina, CEO da AstraZeneca para a Rússia e Eurásia,.

Segundo Irina, estes resultados podem ser muito importantes para os países onde as duas vacinas foram registradas. No Brasil, apenas a AstraZeneca tem autorização da Anvisa. “Os resultados do estudo podem ser de grande importância para os países onde tanto a vacina desenvolvida pela AstraZeneca em cooperação com a Universidade de Oxford quanto a vacina ‘Sputnik V’ estão registradas”.

Vasily Ignatiev, CEO do R-Pharm Group of Companies, garantiu que vai continuar avançando nas pesquisas para futura publicação internacional. “Os primeiros resultados obtidos durante a disseminação da cepa delta do coronavírus são muito importantes para avaliar a segurança e eficácia precoce da combinação de vacinas.”

O CEO do Fundo Russo (RDIF), Kirill Dmitriev, considera que, à medida que surgem novas cepas de coronavírus, as parcerias entre os fabricantes de vacinas e combinações de medicamentos são essenciais para o combate à pandemia. Ele espera que o sucesso preliminar no Azerbaijão, e em outros países, permita uma implementação mais eficaz dos programas de vacinação. “Consideramos importante realizar pesquisas conjuntas sobre a combinação do primeiro componente da ‘Sputnik V’ com fármacos de outros fabricantes para uma luta mais eficaz contra o surgimento de novas cepas de coronavírus”, disse Dmitriev.

Eventos adversos e contágios

Os estudos de segurança e imunogenicidade da combinação da vacina “AstraZeneca” com o primeiro componente da vacina Sputnik V no Azerbaijão começaram em fevereiro de 2021, e até hoje 50 voluntários foram vacinados. O recrutamento para o ensaio clínico segue em andamento. A análise intermediária dos dados demonstra altos indicadores de segurança para o uso combinado de medicamentos: não há eventos adversos graves, assim como casos de coronavírus após a vacinação.

Em agosto de 2021, os parceiros publicarão os primeiros dados sobre a imunogenicidade do uso combinado da vacina AstraZeneca e o primeiro componente da vacina “Sputnik V” no Azerbaijão.

“Sputnik Light” e Vacina “AstraZeneca”

A “Sputnik Light” é o primeiro componente (sorotipo 26 de adenovírus humano recombinante (rAd26) da vacina “Sputnik V”. Segundo o fundo russo, a taxa de eficácia da “Sputnik Light” é cerca de 80% maior que as taxas de eficácia de muitas vacinas que requerem duas injeções.

Ela é eficaz contra novas cepas de coronavírus de acordo com os resultados de estudos de laboratório do Centro Gamaleia e não requer condições especiais de armazenamento e logística.

A vacina é criada na plataforma estudada e testada há duas décadas de vetores adenovirais humanos, cujas vantagens importantes são a segurança, eficácia e ausência de consequências negativas de longo prazo, confirmadas em mais de 250 estudos clínicos conduzidos no mundo.

Já a vacina AstraZeneca foi desenvolvida pela Universidade de Oxford em cooperação com a Vaccitech. Usa um vetor viral de chimpanzé com defeito de replicação baseado em uma versão enfraquecida do vírus do resfriado comum (adenovírus) que infecta chimpanzés e contém material genético da proteína spike SARS-CoV-2 (síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 – Tipo 2).

Após a vacinação, a proteína spike superficial é sintetizada, o que leva à formação de uma resposta imune ao SARS-CoV-2 com possível infecção subsequente por esse vírus.

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