Bolsonaro será preso se não for reeleito, prevê empresário e ex-aliado

“Conheço a peça. O capitão Bolsonaro está à beira de um ataque de nervos”, diz Paulo Marinho

Um dos mais próximos aliados de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 não quer, agora, saber mais do presidente. Hospedeiro por um ano do QG da campanha, o empresário Paulo Marinho (PSDB) diz que o presidente está sob stress diante dos desdobramentos da CPI da Covid-19 e do risco de derrota em 2022.

“Conheço a peça. O capitão Bolsonaro está à beira de um ataque de nervos”, diz Marinho, chegando a afirmar que Bolsonaro vai ser preso caso não se reeleja. “O capitão Bolsonaro vai enfrentar a Justiça. E arrisco dizer que vai ser preso pelos crimes que já cometeu e ainda vai cometer até final do mandato.”

Marinho se refere, entre outras denúncias, às irregularidades praticadas pelo governo nas compras de vacinas contra a Covid-19. Segundo o empresário, Bolsonaro tentará virar a mesa ante a ameaça de uma derrota em 2022: “O capitão vai tentar dar um golpe com as milícias, que é o grupo que o acompanha desde o início da sua vida política. Gracas a Deus, esse grupo não tem tamanho para mudar a história da democracia brasileira. Ele acha que tem – mas não tem”.

Um dos principais apoiadores da candidatura de Bolsonaro, Marinho transformou a ampla academia de sua casa em estúdio de programa eleitoral em 2018. Da época, guarda vídeos inéditos e suas recordações, acervo hoje a serviço da pré-candidatura à Presidência de João Doria (PSDB), governador de São Paulo.

Como exemplo, ele conta que, certa vez, Bolsonaro exasperou-se ao tentar, por mais de 20 vezes, gravar uma mensagem para a propaganda eleitoral. Segundo Marinho, Bolsonaro deixou o estúdio e foi para os jardins da casa, sendo tranquilizado pelo coordenador de sua campanha à época, Gustavo Bebianno, que depois virou ministro e morreu em 2020.

“O capitão tem uma dificuldade imensa de se expressar”, afirma. “Quando a gente estava na minha casa gravando os programas de televisão, ele não usava o teleprompter – ele não sabia se comunicar com o teleprompter. Tinha uma dificuldade de ler e falar. Ficava evidente que ele estava lendo.”

Além dessa dificuldade de expressão, Marinho diz reunir mostras das contradições de Bolsonaro. “Na campanha eleitoral, o capitão batia no peito na minha casa e dizia ‘temos que acabar com o foro privilegiado’. A primeira coisa pela qual o Flávio Bolsonaro e o pai dele lutaram, quando o problema bateu à porta da família, foi pelo foro privilegiado para o Flávio. Isso vai ser julgado nas eleições”, afirma.

Há três meses, Marinho se mudou para São Paulo disposto a colaborar com a candidatura de Doria. Ele se diz convencido de que Bolsonaro não chegará ao segundo turno. “Nessa campanha, Bolsonaro vai ter que explicar o enriquecimento da família dele, dos filhos e dele pessoalmente. Esse esquema das ‘rachadinhas’ está mais do que provado pelo Ministério Público estadual.”

“O capitão só não rodou até agora por causa da blindagem jurídica que conseguiu alcançar em nível federal. Além disso, o Adélio não estará em Juiz de Fora em 2022”, diz Marinho, relatando que, ao visitá-lo no hospital, ouviu Bolsonaro dizer que já estava eleito depois de ter sido esfaqueado por Adélio Bispo durante um ato em Minas Gerais.

Com informações da Folha.com