Onyx Lorenzoni mentiu ao defender Bolsonaro e será convocado pela CPI

Em coletiva, no dia 23 de junho, o ministro de Bolsonaro apresentou como falsa a invoice (fatura comercial), que permitiria a importação das vacinas, mas a autenticidade dela foi confirmada pelo consultor do Ministério da Saúde William Santana, que depõe na CPI da Covid

William Santana depõe na CPI (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Depoimento do consultor da divisão de importação do Ministério da Saúde William Santana nesta sexta-feira (9), na CPI da Covid, complicou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, que mentiu ao tentar desacreditar Luis Ricardo Miranda, servidor da pasta de Saúde, que denunciou a Bolsonaro, junto com seu irmão o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), a suposta corrupção na compra da vacina indiana Covaxin.

“Como consequência disso, eu peço a imediata convocação do ministro Onyx Lorenzoni para esta comissão, para que ele venha depor sobre o crime de falsidade, ao exibir perante a Nação, para confundir a investigação desta Comissão Parlamentar de Inquérito, um documento que sequer existe, falso. Portanto, a sua presença nesta Comissão é importantíssima”, disse o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL).

Em coletiva, no dia 23 de junho, o ministro apresentou como falsa a invoice (fatura comercial), que permitiria a importação das vacinas, apresentada pelos irmãos Miranda. Ocorre que William Santana, responsável pela avaliação das invoices, confirmou a autenticidade do documento apresentado à CPI por Luis Miranda, seu chefe no departamento de logística do ministério.

Santana ainda confirmou as irregularidades no documento como o pedido antecipado de US$ 45 milhões, pagamento no nome da Madison Biotech, uma empresa offshore com sede em Cingapura, quantidade errada de vacina e atraso na entrega do primeiro lote. Ou seja, a denúncia apresentada pelos irmãos Miranda ao presidente tinha fundamento.

O contrato de R$ 1,6 bilhão da Precisa com o governo Bolsonaro era para o fornecimento de 20 milhões de doses da vacina ao preço de US$ 15 a dose, a mais cara de todos os imunizantes negociados com o Ministério da Saúde

O consultor também esclareceu que essa primeira invoice foi entregue a ele pela diretora da Precisa Medicamentos Emanuela Medrades, via email, no dia 18 de março, dois dias antes da reunião entre os irmãos Miranda e Bolsonaro. Portanto, também é falsa a afirmação dos governistas de que o documento não poderia ser apresentado ao presidente sob a alegação de que não existia.

Apesar das correções feitas em mais duas invoices, Santana disse que as irregularidades continuaram. “Um golpe de US$ 45 milhões foi impedido pela atuação do servidor”, elogiou o depoimento o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). A senadora Simone Tebet (MDB-MS) mais uma vez foi quem pressionou para que o fato fosse esclarecido. Ela apresentou a cópia do documento divulgado por Onyx Lorenzoni e pediu para ser confrontado com os documentos que o consultor apresentou na CPI.

Tebet foi quem pressionou o deputado Luis Miranda para revelar o nome do líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), apontando pelo próprio presidente como responsável pelas negociações com a vacina indiana.

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