Anúncio de acordos comerciais do Uruguai preocupa indústria brasileira

Entidade empresarialpede mais diálogo entre membros do bloco econômico

Bandeiras dos parceiros de Mercosul © Isac Nóbrega/PR

O anúncio de que o Uruguai pretende negociar acordos comerciais fora do Mercosul cria tensões e não ajuda no avanço do bloco, avalia a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em nota, a entidade pediu mais diálogo entre os membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e citou a necessidade de aprofundamento da integração entre os países do grupo.

Hoje (7), na véspera da cúpula de presidentes do Mercosul, o governo do Uruguai anunciou a decisão de começar negociações isoladas de acordos comerciais com países de fora do bloco. A decisão foi comunicada em reunião de ministros das Relações Exteriores dos quatro países do bloco.

“A integração no Mercosul precisa de ajustes e aperfeiçoamentos, mas continua sendo a que mais proporciona resultados econômicos e sociais para o Brasil. Apesar do aperfeiçoamento necessário, o bloco registrou resultados expressivos nos últimos anos”, destacou a entidade em comunicado.

Atualmente, cada membro do Mercosul tem autonomia para negociar acordos comerciais bilaterais, desde que não envolvam redução da TEC. As negociações, no entanto, precisam ter o consenso dos países do bloco. “Ao mesmo tempo que reivindicou sua presença no Mercosul, o Uruguai comunicou que começará a conversar com terceiros para negociar acordos extra-zona [fora do Mercosul]”, informou o governo uruguaio em nota.

Perdas e ganhos

Entre os avanços recentes citados pela CNI, estão o acordo com a União Europeia e a celebração de acordos internos entre os países do bloco, como o de facilitação de comércio e de compras governamentais. A confederação informou enxergar com preocupação as tensões entre os países do Mercosul no momento em que o bloco acaba de completar 30 anos.

Para a CNI, a estabilidade econômica do Mercosul é essencial para os benefícios econômicos na região voltarem a ser sentidos. A entidade defende a efetivação do livre comércio entre os países do bloco, tanto em bens quanto em serviços e compras públicas.

A confederação também pede a intensificação das negociações de acordos que permitam ampliar o acesso a outros mercados, como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, México, América Central e com a Associação Europeia de Comércio Livre (composta por Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein).

Em relação às negociações sobre a tarifa externa comum (TEC) do Mercosul, a CNI avalia que qualquer alteração deve ser precedida de avaliação de impacto e com consulta aos setores privados dos quatro países do bloco. Paralelamente, a entidade pede uma agenda de redução de custos no comércio exterior e na produção em geral.

Nos últimos meses, o governo brasileiro tem pressionado a redução da TEC em 20%, alegando que reformas recentes, como a da Previdência e a trabalhista, diminuíram os custos para os empresários brasileiros. A Argentina resiste à proposta.

Da Agência Brasil

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