A farsa da crise hídrica no setor elétrico, por Iso Sendacz

Conforme estudo, governo Bolsonaro e agentes empresariais são os culpados do esvaziamento dos reservatórios e dos “prejuízos” hídricos

A man rides a bicycle near power lines connecting pylons of high-tension electricity, in Brasilia, Brazil August 31, 2017. REUTERS/Ueslei Marcelino

A Universidade Federal de Santa Catarina, por meio de seu Instituto de Estudos Latino-Americanos (Iela), desvenda mais uma fake news criada com mera intenção de estabelecer a bandeira vermelha nas contas de luz e aumentar indevidamente as receitas das concessionárias de energia, além de outros efeitos deletérios à gente brasileira.

Destacamos dois trechos do estudo, que não substituem a leitura na íntegra da peça produzida pelos pesquisadores catarinenses:

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O governo Bolsonaro e os agentes empresariais que controlam o setor elétrico nacional afirmam que há uma crise de escassez hídrica que levou ao esvaziamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Segundo seus argumentos, a região Sudeste passa pela pior seca dos últimos 91 anos.

Para lidar com essa realidade, o governo Bolsonaro publicou a Medida Provisória nº 1.055, de 28 de junho de 2021, que prevê ações emergenciais e regras excepcionais para o uso dos recursos hidroenergéticos. Na mesma lei, autorizou que os custos serão ressarcidos por meio de encargos na conta de luz da população. Ou seja, o povo vai pagar a conta.

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É falso alegar que os reservatórios estão vazios por uma suposta seca no Sudeste brasileiro. Os dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) revelam que o volume de água que entrou nos reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras durante o último ano é o quarto melhor ano da última década, equivalente a 51.550 MW médios. No entanto, o volume de energia produzida por hidrelétricas ficou em 47.300 MW médios, ou seja, 4.250 MW médios abaixo da quantidade de água que entrou nos reservatórios no mesmo período, o equivalente a uma usina de Belo Monte. O fato é que entrou mais água nos reservatórios (energia natural afluente) do que saiu pelas turbinas para gerar energia (vazão turbinada).

Os reservatórios foram esvaziados sem que houvesse necessidade de atender a um aumento na demanda, uma vez que ela diminuiu. 

Assim, em diversas usinas, a começar por Itaipu, a operação foi realizada com evidente interesse de gerar escassez para explodir as tarifas. Toda essa água vertida poderia ter sido armazenada ou transformada em energia, sem aumento dos custos. Mas não foi o que aconteceu. Os donos das hidrelétricas não perderam dinheiro com isso, pois o chamado déficit hídrico é cobrado integralmente nas contas de luz da população.

A culpa (do esvaziamento dos reservatórios e dos “prejuízos” hídricos) não é do povo e nem do clima. Se há um responsável pela situação a que chegamos, é o próprio governo Bolsonaro e os agentes empresariais que tomaram conta do sistema elétrico nacional.

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Lembremos que a Eletrobrás foi criada para que o País com vastos rios tivesse energia limpa, farta e barata para se desenvolver e dar conforto nos lares dos seus filhos.

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