Bolsonaro, o colecionador de escândalos

Além dos mais recentes escândalos de superfaturamento de compras de vacina, Bolsonaro é assombrado com diversas investigações dos seus esquemas de corrupção da época de deputado

Bolsonaro isolado I Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

É impressionante como a velocidade com que novos escândalos estão surgindo com o ultradireitista presidente brasileiro Jair Messias Bolsonaro como seu eixo está se intensificando.

Como se não bastasse a forma como as manobras de corrupção envolvendo oficiais – com foco em militares embutidos em cargos anteriormente ocupados por técnicos e cientistas – no Ministério da Saúde vieram à luz, agora vem à tona uma reclamação com fortes evidências e um testemunho pessoal do que até agora muitos brasileiros desconfiavam: ao longo de sua carreira como deputado (28 anos), Bolsonaro comandou um sistema de desvio de dinheiro público também praticado por seus três filhos que ocupam cargos parlamentares.

Isto é algo bastante comum no chamado “baixo clero” parlamentar brasileiro, formado por conselheiros, deputados e senadores com antecedentes obscuros: contratar conselheiros fantasmas e manter uma parte substancial, se não a totalidade, de seus salários.

Dois filhos presidenciais, o vereador do Rio de Janeiro Carlos (que passa mais da metade de seu tempo em Brasília) e o senador Flávio, estão sendo investigados, e já surgiram provas concretas desta prática. O senador, cujo salário líquido é de cerca de US$ 5.000 por mês, comprou recentemente uma mansão em Brasília por US$ 1,2 milhões.

O pai do presidente, cuja riqueza é estritamente incompatível com o que ganhou ao longo de sua vida como congressista nacional, sempre foi desconfiado. Mas agora uma ex-cunhada denunciou, com áudios gravados, que seu irmão foi expulso do escritório de Bolsonaro durante seu tempo como congressista por se recusar a entregar 80% de seu salário ao chefe.

De acordo com a Constituição brasileira, um presidente não pode ser condenado por crimes cometidos antes de tomar posse. Mas ele pode ser investigado.

Como Bolsonaro se infiltrou em todas as instituições em que confiava para se proteger e proteger seus filhos, é considerado difícil para a Procuradoria Geral abrir a investigação. Mas o desgaste causado por este novo escândalo só aumentará a já alta maré de escândalos que, quanto mais alto for, mais desgastará o líder da extrema-direita.

É claro que além de proteger o esquema de alta corrupção instalado no Ministério da Saúde, e tendo anteriormente protegido seu então Ministro do Meio Ambiente acusado pelas autoridades americanas de conluio com exportadores ilegais de madeira da Amazônia, Bolsonaro encabeçou o esquema familiar de se apropriar da maior parte do salário de seus assessores parlamentares.

Vamos ver o que virá no horizonte para apressar o derretimento do pior presidente da história da República Brasileira.

Por enquanto, pode-se entender a principal razão de seus esforços desesperados para ganhar a reeleição (algo cada vez mais improvável, por sinal): se ele perder a cadeira presidencial, seu próximo destino será uma prisão. Não apenas pelo genocídio que ele promoveu, mas também por ser corrupto.

Fonte: Pagina12