3J mostra que Frente Ampla vai sendo gestada

Lideranças sociais avaliam que denúncias de corrupção em meio ao desemprego, ao genocídio, à inflação e ao autoritarismo ligaram o sinal de alerta em diferentes espectros políticos da sociedade.

3JforaBolsonaro Manifestação na Avenida Paulista, São Paulo, SP. 03 de julho de 2021. Foto: Roberto Parizotti.

A avaliação de lideranças políticas e sociais sobre as mobilizações do #3JforaBolsonaro, neste sábado (3), foi otimista de expectativas cumpridas. Os atos reuniram mais de 800 mil pessoas, segundos oficiais da Campanha #ForaBolsonaro Nacional, em 312 cidades no Brasil e 35 cidades em 16 países no exterior.

De acordo com o professor Fabio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santos, no Twitter, a tag #3JForaBolsonaro, contabilizou mais de 500 mil postagens na plataforma até as 18h. A tag dominou a rede, em relação à manifestação de 19 de junho, que no mesmo dia tinha presença de 25% de bolsonaristas interagindo com o conteúdo contra 9% no dia de hoje.

Segundo o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, os atos mais que atenderam às expectativas. “De modo singular, há um verdadeiro levante, pois o governo Bolsonaro se constitui uma grande ameaça à nação e ao povo brasileiro”, diz o dirigente sindical em entrevista ao Vermelho.

Na opinião dele, os fatos recentes que envolveram o governo em um grande esquema de corrupção “deram a senha para que o povo não tivesse mais dúvida do mal que esse governo está cometendo com sua gente”. “No fundo, vai ficando claro para o povo que só não teve vacina porque não tinha propina”, resume.

Adilson observou que estes escândalos recentes expostos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid se refletem no modo como partidos de direita como PSDB, Avante e Cidadania estenderam suas bandeiras nas manifestações, assim como artistas e famosos ocuparam seus perfis no Instagram com convocações e imagens do ato.

Para Adilson, o marco fundamental na semana foi assistir o lançamento do “superpedido de impeachment”, em que ex-apoiadores de Bolsonaro se juntaram à Oposição no Congresso para protocolar o pedido de afastamento de Bolsonaro. “Aquela ocasião já foi digna de decantar o quanto a unidade da frente mais ampla vai sendo gestada”, afirmou.

“É importante que a gente ressalte a grandeza que, independente da coloração partidária, que toda e qualquer pessoa que defende a democracia se sinta confortável em ganhar as ruas e levantar bandeira junto com a gente”, convidou. Para ele, não há razão para se criar dificuldades em estar no mesmo palanque daqueles que defendem a democracia e o estado democrático de direito, para criar uma perspectiva de salvação do país.

“Cresce o desemprego, cresce a carestia dos alimentos, a inflação e o governo faz a opção de ficar passeando pelo país de motocicleta”, sintetizou.

Presidente acuado

A única reação de Bolsonaro às multidões nas ruas foi de criticar um evento isolado em São Paulo em que black blocks depredaram uma agência bancária sob protestos dos manifestantes. Para Adilson, o presidente expõe seu medo, acuado que está. “Ele anda à flor da pele, agredindo jornalistas e vai se isolando”.

Para ele, o impacto da política desse governo é visível. O sindicalista ressalta que a política econômica de Bolsonaro não observa medidas comuns que se adotam em todo o mundo, como espandir monetariamente a economia, ofertando crédito, auxílio emergencial, seguro-desemprego, “enquantoa Paulo Guedes (ministro da economia) só fala em privatizar a água, os Correios, e a Eletrobrás”.

“Bolsonaro arrota força mas está se escondendo atrás das paredes do Planalto, porque sabe que o brado retumbante do povo vai botando ele em saia justa”.

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