Atos #ForaBolsonaro: o que esperar do 3J?

Na opinião de lideranças de entidades que compõem a Campanha Fora Bolsonaro, a prioridade é aumentar as adesões institucionais e populares à luta pelo impeachment

Manifestação do J19 na Avenida Paulista l Foto: Ricardo Stuckert/Fotos Públicas

O 3J, a terceira rodada de atos organizados pela Campanha Fora Bolsonaro, foi antecipada de 24 de julho para este sábado (3). A mudança se deveu às recentes denúncias de envolvimento do governo Jair Bolsonaro em esquemas de corrupção ligados à compra de vacinas contra a Covid-19, sobretudo no contrato de aquisição da vacina indiana Covaxin.

As novas acusações embasaram ainda mais o “superpedido” de impeachment do presidente, protocolado da Câmara dos Deputados na quarta-feira (30). Escrito por uma comissão de juristas, o texto tem 45 signatários, entre partidos políticos, deputados federais, centrais sindicais, movimentos sociais e entidades da sociedade civil. É o 124º pedido de impeachment a ser apresentado contra Bolsonaro.

Na opinião de lideranças de entidades que compõem a Campanha Fora Bolsonaro, o 3J tem como prioridade aumentar as adesões institucionais e populares à luta pelo impeachment. “Nossa expectativa é a de que os atos sejam cada vez maiores e exerçam mais pressão sobre o governo. Precisamos ampliar, trazer novos atores”, afirma Iago Montalvão, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes).

Na opinião de Iago, mesmo no período entre os grandes atos, é preciso impulsionar a mobilização com atividades puxadas pelas entidades. “A luta não pode ser interrompida”, afirma o líder estudantil. “Construímos um calendário extenso de ações, com diversas assembleias, plenárias e até paralisações, pautadas pela denúncia deste governo e pelo novo pedido de impeachment.”

Para Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), o êxito das duas manifestações anteriores – em 29 de maio e 19 de junho – aponta para uma rejeição ainda maior a Bolsonaro. “O povo brasileiro, ao sair às ruas, revelou o tamanho da indignação contra o descalabro do governo fascista. É uma resposta necessária ao quadro de degradação sanitária, econômica, social e política”, diz ele. “O sentimento de revolta que decantou nessas manifestações foi um importante indicador para construção do 3 de julho.”

Adilson também ressalta o papel da Comissão da Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado, que há mais de dois meses tem ajudado a desmascarar a negligência da gestão bolsonarista no combate à crise sanitária. “A CPI já avançou bastante na apuração dos crimes cometidos pelo presidente da morte e evidenciou que esse desgoverno deve ser interrompido o quanto antes”, diz o sindicalista. “Os protestos não devem cessar antes que o objetivo dos manifestantes seja alcançado: fora, Bolsonaro!”

Os atos do 19J, há 13 dias, reuniram cerca de 750 mil pessoas. Para o 3J, até o momento, 261 cidades do Brasil e do exterior já programaram protestos atos para este sábado, conforme levantamento da Central de Mídia da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo. Os novos protestos acontecem no momento em que o Brasil ultrapassou a marca de 520 mil vítimas da pandemia, caminhando para se tornar o país com mais mortes por Covid-19 no mundo.

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