Passando a boiada: taxa de queimadas na Amazônia é o maior desde 2007

Segundo o Programa Queimadas, do Inpe, houve 2.308 focos de incêndios no bioma, pouco acima dos 2.248 focos registrados em junho do ano passado

O pedido do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles – de “ir passando a boiada” na área ambiental durante a pandemia – se tornou uma realidade na Amazônia. Pelo segundo ano consecutivo, a floresta teve junho com o maior número de queimadas desde 2007.

Segundo o Programa Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), houve 2.308 focos de incêndios no bioma, pouco acima dos 2.248 focos registrados em junho do ano passado. A alta foi de quase 3%.

Números tão elevados aproximam 2021 a cenários da década dos anos 2000, nos quais a Amazônia passava por grandes devastações e números recordes de queimadas. Em 2007, por exemplo, foram 3.519 incêndios registrados no bioma.

O recorde para o mês, ainda distante, é de 2004, com 9.179 focos. Porém, olhando para a última década – na qual o desmatamento foi mais controlado e reduzido –, junho atual apresenta números altos de fogo, acima dos cerca de 1.705 focos registrados mensais em média.

Os próximos meses são críticos para a Amazônia. Com o início da estação mais seca no bioma, aumentam as queimadas, que são diretamente ligadas ao processo de desmate. É nesse momento em que a mata derrubada em momentos anteriores (até mesmo no ano passado, em alguns casos) é queimada. Por isso, costuma haver números elevados de fogo principalmente entre agosto e setembro.

Em 2019, a situação das queimadas foi tão crítica, especialmente em agosto, que iniciou uma crise internacional de imagem ambiental, com críticas, inclusive de mandatários de outros países, ao modelo atual de gestão da Amazônia. O contexto acabou levando à primeira operação, sob Bolsonaro, do Exército no bioma para tentar conter a devastação – plano até aqui infrutífero.

Apesar disso, no início dessa semana, o governo Jair Bolsonaro (sem partido), mais uma vez, prorrogou a presença militar na Amazônia, através da GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Os militares devem permanecer em ação na mata até 31 de agosto. O presidente também proibiu, por 120 dias, queimadas no país.

Para piorar, sob o governo Bolsonaro, faltam políticas que consigam estancar o desmatamento e as queimadas nos biomas brasileiros. O presidente, na verdade, desde o início de seu mandato, minimiza o impacto do desmate e das queimadas. Ricardo Salles, também já chegou a relativizar os incêndios na Amazônia e também o desmatamento.

Com informações da Folha de S.Paulo