CPI aprova convocação de Ricardo Barros, líder do governo Bolsonaro

CPI também aprovou a convocação de Roberto Ferreira Dias, acusado de pedir propina; do representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que fez a denúncia contra Dias, e do deputado Luis Miranda (DEM-DF) para depor reservadamente

O líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira (30) a convocação do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara, para depor na comissão. 

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, senador Omar Aziz (PSD-AM), confirmou que o colegiado ouvirá o líder governista na quinta-feira que vem, dia 8 de julho.

Ricardo Barros deverá falar à CPI sobre a acusação de que liderou um esquema de corrupção no Ministério da Saúde ligado à compra da vacina indiana Covaxin. A denúncia foi apresentada na semana passada pelo deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luís Ricardo Miranda, que é servidor de carreira do ministério.

Segundo o deputado Luis Miranda, o presidente Jair Bolsonaro atribuiu as supostas irregularidades na compra da vacina ao envolvimento de Barros nas tratativas.

“Isso é coisa do Ricardo Barros”, disse Bolsonaro para os irmãos Miranda, quando estes foram lhe informar do esquema de corrupção na compra da vacina Covaxin, em 20 de março.

O contrato para a compra do imunizante prevê um preço por dose 1000% acima do valor definido pela fabricante.

As suspeitas da existência de corrupção na compra de vacinas foram reforçadas por uma reportagem no jornal “Folha de S.Paulo”, noticiando que o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, teria articulado esquema de propina para comprar vacinas. A proposta de 400 milhões de doses poderia gerar uma propina próxima a R$ 2,2 bilhões.

Dias foi indicado ao cargo por Ricardo Barros. O deputado nega, mas a demissão de Ferreira Dias foi publicada nesta quarta-feira pelo Diário Oficial da União.

Em entrevista ao jornal, o representante da empresa Davati Medical Suply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, revelou a cobrança de propina. Ele declarou que a empresa intermediava a venda de doses da vacina AstraZeneca, que já tinha parceria com o governo a partir de contrato com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que fabrica o imunizante no Brasil.

O representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, também foi convocado a depor e comparecerá à CPI nesta sexta-feira, dia 2. Outro pedido de convocação aprovado foi para o comparecimento de Roberto Ferreira Dias, que deporá na próxima quarta-feira (7).

A Comissão também decidiu que o deputado Luís Miranda deverá prestar novo depoimento de forma reservada.

A oitiva ocorrerá na próxima terça-feira (6). Segundo o presidente da CPI, Omar Aziz, os senadores devem compor um quadro sobre a cronologia do processo de negociação de vacinas pelo ministério.

Fonte: Hora do Povo